António Costa sobre o Brexit: "A esperança é a última a morrer"

Primeiro-ministro participa na primeira cimeira União Europeia - Liga Árabe, que decorre até amanhã no Egipto.

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Depois de Madrid, Costa está no Egipto LUSA/KIKO HUESCA

O primeiro-ministro, António Costa, disse este domingo que continua a acreditar que o parlamento britânico vai ratificar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), assumindo que "a esperança é a última a morrer".

António Costa falou à imprensa portuguesa à chegada à cimeira UE-Liga Árabe, em Sharm el-Sheikh (Egipto), cerca de duas horas depois de a primeira-ministra britânica, Theresa May, ter descartado a possibilidade de uma segunda votação do texto no parlamento acontecer esta semana e ter apontado 12 de Março como a data limite para o acordo voltar a ser avaliado pela Câmara dos Comuns.

"O 'Brexit' obviamente será sempre um grande problema na UE, não vale a pena tentar minorar a ideia de que podemos ter 'Brexit' sem que isso seja um problema", admitiu. O chefe do Governo português enalteceu, no entanto, que, apesar "do esforço da negociação" do 'Brexit', a UE "não parou, não se dividiu e tem mantido a sua actividade".

"E aqui estamos todos, no formato a 28, dando provas que é possível continuar a funcionar, não obstante as dificuldades que atravessamos com o 'Brexit'", finalizou.

O acordo de saída do Reino Unido da UE será votado novamente no parlamento britânico até 12 de Março, afirmara antes a primeira-ministra Theresa May, detalhando que a equipa de negociadores britânica regressará a Bruxelas na terça-feira.

"A minha equipa vai voltar a Bruxelas na terça-feira. Consequentemente, não teremos uma votação relevante no parlamento esta semana, mas garantiremos que esta acontecerá até 12 de Março. Ainda está ao nosso alcance sair da UE em 29 de Março e é isso que planeamos fazer", declarou May à imprensa britânica durante o voo que a levou até Sharm el-Sheikh, no Egito, onde este domingo teve início a primeira cimeira UE-Liga Árabe.

O Governo britânico precisa de uma maioria de votos no parlamento para ratificar um acordo que garanta uma saída ordenada do bloco europeu, mas o texto acordado com Bruxelas foi rejeitado em 15 de Janeiro por uma margem de 230 votos, incluindo de 118 deputados do partido Conservador.

Cimeira UE - Liga Árabe sem declaração conjunta

António Costa e Theresa May falaram à margem da primeira cimeira União Europeia - Liga Árabe, a primeira que se realiza após mais de duas décadas de tentativas frustradas, e que reune no Egipto os chefes de Estado e de Governo da União Europeia e os seus homólogos da Liga Árabe, sob a direcção conjunta do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e do Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi.

Aos jornalistas, Costa desvalorizou a possível ausência de uma declaração conjunta no final da cimeira União Europeia-Liga Árabe, sustentando que o essencial é “a mensagem política” inerente ao primeiro encontro entre os líderes dos dois blocos.

Perante a perspectiva de a histórica cimeira não ter uma declaração conjunta que traduza os compromissos assumidos durante os dois dias de reunião, António Costa defendeu que “não vale a pena” centrar-se em "questões formais” e que o essencial é “a mensagem política que significa haver esta primeira reunião”.

“Esperemos que deste sinal político haja uma confiança que se construa e uma vontade política séria de podermos avançar. Um dia, mais do que declarações, espero que haja acções conjuntas”, reconheceu.

Costa rejeitou a ideia de que a UE tem estado adormecida na abordagem a estas questões, contrapondo que tem estado até “particularmente actuante”, e considerou que a cimeira que decorre até segunda-feira “é um bom primeiro passo” para os dois blocos reencontrarem “aquilo que deve ser um destino comum à volta do Mediterrâneo”, um histórico “espaço de encontro”.

“Ultimamente, pelo contrário, [o Mediterrâneo] tem sido um espaço de barreiras, um cemitério de vidas humanas e um espaço onde os conflitos se acumularam e as oportunidades de desenvolvimento partilhado se perderam. Acho que é isso tudo que temos de recuperar. Esta primeira cimeira entre UE e Liga Árabe é um passo importante e espero que seja o primeiro de muitos passos do caminho que temos de fazer”, elucidou.

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