Ministro garante que vai de “boa-fé” para negociações com professores

Debate de urgência sobre investimento na educação desenrolou-se em torno de uma guerra de números.

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Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues Rui Gaudencio

O debate de urgência sobre investimento na educação, pedido pelo PSD, desenrolou-se quase todo em torno dos indicadores no sector, numa "guerra" entre o actual Governo e o anterior. Foi a bloquista Joana Mortágua que lançou o tema das negociações do executivo com os sindicatos para anunciar que a sua bancada pedirá uma apreciação parlamentar do decreto sobre a recuperação do tempo de carreira congelado se não houver acordo. O ministro da Educação viu aí uma ameaça.

“As propostas negociais serão feitas com boa-fé”, disse Tiago Brandão Rodrigues, lembrando que isso não significa que a proposta vá no sentido do que a deputada quer. O ministro disse entrar para as negociações – há uma reunião marcada para segunda-feira – “sem nenhum tipo de ameaça” enquanto o BE “já sabe o que vai fazer” antes do desfecho das conversações e de ser publicado um eventual decreto. 

A bancada do PSD marcou este debate de urgência no Parlamento para acusar o Governo de ter desinvestido na escola. “É ou não verdade que metade que a execução em investimento em 2015 foi quase cinco vezes superior à verificada em 2019?”, perguntou a deputada Margarida Mano, sustentando que este “desinvestimento se reflecte na vida das pessoas, nas salas encerradas por risco de saúde pública, na falta de aquecimento, na diminuição das condições de segurança”.

Ministro viabiliza actualizações salariais

Tiago Brandão Rodrigues contrapôs com outros números e fez mais um anúncio, depois de ontem já ter divulgado a intenção de o Ministério contratar 1067 assistentes operacionais. O ministro disse ter dado instruções às escolas para “requererem os fundos necessários ao processamento dos acertos” relativos à actualização salarial destes profissionais.

Já em resposta a interpelações do PSD, Tiago Brandão Rodrigues levantou a voz e exibiu gráficos em folhas A5 para mostrar que a direita não tinha razão. No seu discurso inicial a linha foi a mesma. “A direita enche a boca com o investimento público. Isto nos dias pares, porque nos ímpares diz que este Governo gasta sem pensar no amanhã. Vamos aos dias pares, então, até porque hoje é dia 22. Sabem quanto a direita aumentou o investimento nas escolas quando foi governo? Não sabem, pois não? Porque não aumentou, reduziu”, atirou.

À esquerda do PS, tanto o BE como o PCP aproveitaram para acusar PSD e CDS de nada terem feito para valorizar a escola pública e de terem beneficiado as escolas com contrato de associação. “O PSD está a fazer um exercício de hipocrisia. Falar hoje no investimento na edução não pode ser para levar a sério”, disse a comunista Ângela Moreira. Joana Mortágua queixou-se de os dois partidos se “desculparem sempre com a lenga-lenga da troika.

Depois de o ministro ter anunciado, mais uma vez, que há condições para terem início obras no liceu Camões, a deputada do CDS Ana Rita Bessa mostrou três notícias com o mesmo anúncio nos últimos anos. “Será que por coincidência em Setembro, vamos ver o senhor ministro a lançar a primeira pedra?”, questionou, em tom de ironia. Tiago Brandão Rodrigues deixou um convite à deputada que gerou risos na sala: “Espero que possamos ir os dois ao liceu Camões”.

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