Mudança da embaixada brasileira para Jerusalém é questão de ‘quando’ e não de ‘se’

Jair Bolsonaro, que terça-feira se torna Presidente do Brasil, anunciou que em Março visita Israel, o país que quer tornar "irmão". Netanyahu é o primeiro chefe de Governo israelita a visitar o Brasil.

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Jair Bolsonaro com o casal Netanyahu numa sinagoga do Rio de Janeiro Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse neste domingo que a mudança da embaixada do Brasil para Jerusalém é uma questão de “quando” e não de “se”. Jair Bolsonaro torna-se terça-feira Presidente do Brasil e o israelita é um dos líderes que vai estar na tomada de posse, em Brasília. 

Benjamin Netanyahu, que em casa vive dias conturbados — está a ser investigado por suspeitas de corrupção e foi obrigado a marcar eleições antecipadas para Abril —, aterrou no Brasil no final da semana passada, para uma visita de cinco dias em que foi acompanhado pela mulher, Sara (acusada de fraude) e pelo filho Yair. No Rio de Janeiro, reuniu com o Presidente eleito e Bolsonaro, que prometeu mudar as alianças estratégicas do Brasil e quer fazer de Israel “um país irmão”, visitou com ele uma sinagoga.

“Israel é a terra prometida e o Brasil é a terra da promessa. Israel quer ser parceiro do Brasil nessa empreitada”, disse Netanyahu depois de um encontro com o futuro Presidente no Forte de Copacabana, na sexta-feira. “Pretendo, até Março, se Deus quiser, visitar Israel, onde iremos com uma comitiva, de vários sectores da sociedade, das áreas tecnológicas, agricultora, piscicultora, segurança, Forças Armadas, para, o mais rápido possível, colocar em prática essa política de grande parceria com o estado de Israel”, disse o Presidente eleito, citado pelo G1, o portal online do jornal O Globo.

É a primeira vez que um primeiro-ministro de Israel visita o Brasil e Netanyahu esperava levar alguma coisa de concreto para casa. Leva a promessa de Bolsonaro mudar a embaixada do Brasil, mas não leva data. 

Jair Bolsonaro disse várias vezes que pretende fazer a polémica mudança — para a chamada comunidade internacional, Jerusalém deve manter o estatuto de cidade neutra uma vez que tanto Israel como a Palestina (e o seu futuro estado) a reivindicam como capital.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi o primeiro a quebrar esse status quo, ao considerar Jerusalém a capital israelita e mudou a embaixada em Maio. Guatemala e Paraguai já fizeram o mesmo, Roménia, República Checa, Honduras, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau e Togo disseram que vão fazer a mudança.

Porém, entre os sectores que apoiaram Bolsonaro na sua corrida ao Planalto e que devem apoiar o seu governo, há quem não queira que o Brasil dê esse passo. O sector agropecuário, representado por uma poderosa bancada parlamentar, receia que a decisão possa comprometer as exportações brasileiras para os países árabes. Os países árabes são grandes importadores de carne brasileira.

Mesmo sem data marcada, a intenção marca uma mudança profunda na política externa brasileira que até aqui se manteve na linha moderada em relação ao Médio Oriente e apoiou a solução dos dois Estados como solução para pôr fim ao conflito israelo-palestiniano. 

“Bolsonaro disse-me que é ‘quando’ mudará e não ‘se’ mudará a embaixada para Jerusalém”, disse, satisfeito, Netanyahu. “Nós consideramos que o Brasil, e o Brasil no contexto da América Latina, tem enorme importância. E isto marcará uma mudança histórica”, disse o primeiro-ministro israelita nesta visita histórica e profícua em troca de elogios.

Presidenciais Brasil 2018

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