Charlottesville: há um ano atirou o carro contra manifestantes. Agora pode enfrentar prisão perpétua

Em 2017, James Alex Fields Jr. matou uma mulher e feriu dezanove pessoas quando acelerou com o seu carro contra uma manifestação que procurava denunciar a mensagem racista dos supremacistas brancos reunidos em Charlottesville, estado norte-americano da Virgínia.

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O jovem neonazi teria simpatia pelo regime sírio e Hitler reuters

Era a maior manifestação de extrema-direita dos últimos anos nos EUA, mas muitos saíram também à rua em Charlottesville, na Virgínia, naquele 11 de Agosto de 2017, para protestar contra o movimento de supremacistas brancos Unite the Right.

James Alex Fields Jr., então com 20 anos, tinha conduzido o seu Dodge Challenger cinzento desde Ohio para desfilar junto do grupo Vanguard America, uma organização supremacista de extrema-direita cujo site proclama que “a América está a ser atacada”, num manifesto que declara que “um Governo com base na lei natural não deve ceder a uma falsa noção de igualdade”.

Fields acelerou com o carro em direcção à multidão de contramanifestantes, atropelando 19 deles e matando uma mulher, Heather Heyer. Foi detido algumas horas depois, sob suspeita de homicídio em segundo grau.

Agora, um júri composto por sete mulheres e cinco homens recomenda prisão perpétua para James Alex Fields Jr., num total de 419 anos de cadeia por vários crimes — entre eles, fuga e abandono do local do crime, ferimentos graves dolosos e crimes de ódio. Fields Jr. deve ainda pagar 480 mil dólares (cerca de 424 mil euros) em multas pelos crimes que cometeu. Quando for julgado num tribunal federal, possivelmente em Março de 2019, como indica a televisão norte-americana NBC, o jovem agora com 21 anos pode mesmo enfrentar uma condenação a pena de morte.

O júri já tinha anunciado na sexta-feira que recomendaria uma condenação por homicídio em primeiro grau pela morte de Heather Heyer. Um dos feridos no ataque, Star Peterson, reagiu: “James Fields Jr. merece a sentença máxima, que vem reforçar a atrocidade do crime que cometeu”. A procuradora Nina Antony disse que as provas fotográficas e de vídeo mostram que James terá agido de forma premeditada, contrariando o que tem sido a defesa de Fields — que este teria entrado em pânico e acelerado. 

Recordar Charlottesville?

A planeada retirada de uma estátua de homenagem ao general sulista Robert E. Lee terá sido o motivo que levou supremacistas brancos a desfilarem naquela cidade em Agosto de 2017, defendendo a preservação deste e de outros monumentos dedicados a figuras da Guerra Civil, que lutaram pela perpetuação da escravatura nos EUA.

Na altura, o Presidente Donald Trump demorou a reagir à violência dos acontecimentos, o que lhe valeu críticas, à direita e à esquerda. Trump não culpou directamente os supremacistas brancos, garantindo antes que a culpa era "dos dois lados". Inicialmente disse apenas: “Todos devemos unir-nos e condenar o ódio. Não há lugar para esta violência na América. Vamos unir-nos".

Também este ano, os supremacistas da Unite the Right convocaram nova manifestação para reivindicar "os direitos cívicos dos brancos", desta vez em Washington uma vez que não obtiveram autorização para o fazer em Charlottesville, muito perto da localidade onde nasceu Thomas Jefferson, um dos fundadores dos Estados Unidos?. 

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