Madoff: dez anos da maior fraude financeira da história

Uma década depois da detenção do Bernard Madoff, os lesados já recuperaram mais de 11,6 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 70% dos fundos perdidos inicialmente.

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Bernard Madoff, responsável pela maior fraude financeira da história Reuters/SHANNON STAPLETON

Dez anos depois de Bernard Madoff ser detido por ter cometido a maior fraude financeira de sempre, as vítimas do esquema fraudulento do alegado investidor continuam a sua luta para recuperar os fundos perdidos. 

Recolher os lucros fantasma que Madoff foi alegadamente ganhando ao longo dos anos e devolvê-los aos investidores mais prejudicados tem sido o principal objectivo da Irving Picard, advogado e sócio do escritório Baker Hostetler, em Nova Iorque, responsável por supervisionar a liquidação da firma de Madoff.

Até agora, e segundo a Bloomberg, Picard já terá recuperado cerca de 13,3 mil milhões de dólares (mais de 11,6 mil milhões de euros), o que corresponde a 70% dos fundos totais, e não pretende parar por aí. O método do advogado para recuperar o dinheiro dos afectados pela burla tem sido processar aqueles cujo lucro do esquema tenha sido superior ao valor inicialmente investido, independentemente se sabiam ou não desse facto.

Num comunicado enviado ao El País, Picard explica razão pela qual todo os fundos que constavam do suposto banco de investimentos de Madoff não puderam ser recuperar até agora e todos de uma vez. "No esquema em Ponzi, o valor dos investimentos e o saldo que os clientes recebiam todos os meses eram fictícios. Assim sendo, decidiu-se que as reclamações dos clientes iam ser baseadas nas transacções que tenham sido efectivamente realizadas", garante o advogado.

O responsável pelo caso explica ainda que alguns dos clientes de Madoff nunca lucraram nada, enquanto que outros receberam grandes quantias que correspondiam a dinheiro roubado pelo investidor a outros clientes. 

No total, a fraude de Madoff fez desaparecer mais de 65 mil milhões de dólares de investidores abastados, instituições de caridade e celebridades que lhe tinham confiado os seus bens monetários desde os anos 70, e o colapso da sua empresa afectou mais de 4 mil clientes. 

A maior fraude financeira da história

O esquema de Ponzi operado por Madoff permitiu que os investidores conseguissem obter lucros bastante acima da média do mercado. Tal foi possível porque os ganhos eram financiados pela entrada sucessiva de novos investidores. Como acaba por acontecer nas fraudes deste tipo, os últimos investidores a entrar antes do colapso são aqueles que acabam por perder todo o seu dinheiro.

O alegado investidor, que chegou a chefiar o Nasdaq, a bolsa tecnológica da capital financeira dos Estados Unidos, mantinha um forte perfil de relacionamento social e o acesso aos círculos em que se movimentam os mais endinheirados. A crise dos mercados financeiros acabou por expor os prejuízos astronómicos em que entretanto incorrera.

O esquema resultou num buraco financeiro de cerca de 20 mil milhões de euros. A justiça norte-americana considerou-o responsável por fraude, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro, a formalização de informação falsa às autoridades e condenou-o a uma pena acumulada de 150 anos de prisão, aos 71 anos de idade.

A burla chegou a afectar investidores portugueses, e no dia em que muitos bancos europeus assumiram potenciais perdas relacionadas com a fraude piramidal de Bernard Madoff, em Portugal só o Banco Santander Totta admitiu que, entre os seus clientes, existiam 16 milhões de euros aplicados nos fundos do investidor.

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