Madoff detido depois de assumir a culpa por 11 crimes

O investidor Bernard Madoff, responsável por um esquema de fraude em pirâmide que atinge os 50 mil milhões de dólares (cerca de 39 mil milhões de euros), foi hoje detido à ordem do tribunal de Nova Iorque onde o seu caso está a ser apreciado. O julgamento de Madoff, que arrisca uma pena total de 150 anos, foi marcado para 16 de Junho.

Perante o juiz que lidera o processo, Madoff reconheceu que, ao contrário do que prometia aos seus clientes, nunca investira o dinheiro que lhe confiaram em produtos financeiros. E acrescentou que se sentia “profundamente desolado e envergonhado” por reconhecer que o que tinha feito era crime. Mas estas palavras não comoveram as vítimas do esquema Madoff que se encontrava no tribunal novaiorquino para testemunhar.

O alegado investidor, que chegou a chefiar o Nasdaq, a bolsa tecnológica da capital financeira dos Estados Unidos, montou uma operação de fraude em larga escala em que satisfazia os compromissos financeiros relativos aos seus clientes mais antigos com o dinheiro que ía angariando junto de novos investidores. Um forte perfil de relacionamento social e o acesso aos círculos em que se movimentam os mais endinheirados facilitaram-lhe a tarefa. Mas a crise dos mercados financeiros acabou por reduzir-lhe a margem de manobra e expôs os prejuízos astronómicos em que entretanto incorrera.

Há cerca de três meses, Madoff reconheceu aos filhos e a alguns colaboradores mais próximos que a firma que dirigia - e que chegou a prometer retornos superiores a 40 por cento ao alguns clientes – era apenas a fachada de uma firma sem futuro.

No processo em que arrisca cadeia até ao fim da vida – Madoff tem 70 anos – o autor da fraude é acusado de 11 crimes que reconheceu perante o juiz. Estão entre eles, a fraude, a falsificação de documentos, a lavagem de dinheiro, a formalização de informação falsa às autoridades. Os especialistas sustentam que Madoff optou por assumir exclusivamente a culpa para não ser obrigado a implicar na trama familiares (os filhos que com ele trabalhavam) e colaboradores mais directos.

Depois da revelação do escândalo e até ontem, Madoff estava sob o regime de prisão domiciliária, com vigilância electrónica, no faustoso apartamento onde vivia, em Nova Iorque – custou 7 milhões de dólares. Por ordem do tribunal, deu ontem entrada num centro correccional que fica perto da instalação judicial.

Actualizado às 18h30
Sugerir correcção
Comentar