Um ano de Portugal In

Um balanço da estrutura de missão criada para captar investimento estrangeiro no âmbito do "Brexit".

A completar um ano de existência, cumpre fazer um balanço sobre a Portugal In, estrutura de missão criada pelo Governo para captar investimento direto estrangeiro para Portugal no âmbito do "Brexit".

Fiel à mais antiga aliança entre dois países, consagrada pela assinatura do Tratado de Windsor em 1386, Portugal assumiu desde o primeiro momento uma posição de respeito pela decisão soberana do povo inglês aquando da realização do referendo sobre a saída da União Europeia em 2016.

Sabíamos e sabemos que há uma franja muito importante de cidadãos ingleses que não se conforma com a decisão saída do referendo. Mais: procuram alternativas que garantam nomeadamente a permanência na União Europeia. São a essas pessoas e entidades que nos dirigimos. Sejam ou não já residentes em Portugal. Tenham ou não feito investimentos em Portugal. Nesse sentido, Portugal apresenta-se como destino de acolhimento para todos aqueles, particulares ou empresas, que queiram permanecer na União Europeia. Portugal, no quadro da negociação global da União Europeia a decorrer com o Reino Unido, procura ainda apoiar as nossas empresas exportadoras. Portugal tem historicamente uma relação comercial favorável com o Reino Unido, exportando três vezes mais do que importa. Isto é determinante para o equilibro da nossa balança comercial.

O Reino Unido é o 4.º maior investidor em Portugal. O investimento do Reino Unido em Portugal cresceu cinco vezes em 2017 relativamente a 2016.

O Reino Unido é o maior emissor de turistas para Portugal – quase três milhões de turistas. Imaginam o Algarve e a Madeira sem ingleses? Seria um pesadelo de repercussões gigantescas...

Por isso, a estratégia de posicionamento de Portugal começa pelo turismo, por todos aqueles que nos visitam em regime de curta duração – dos dois dias no Porto aos seis dias na Madeira –, começando a construir uma relação para o futuro.

Sabemos que a visita de curta duração de uma família gera necessariamente a curiosidade de uma permanência maior. O Erasmus, associando a excelência das nossas universidades – na área da gestão com duas universidades entre as 25 melhores da Europa – à nossa capacidade de acolhimento, à segurança e à qualidade de vida, tem trazido milhares de jovens qualificados a Portugal, cujo objetivo não é mais um vínculo profissional duradouro, mas o desenvolvimento de uma ideia e fazê-la singrar à escala global.

Sentimos que o perfil de especialização da nossa economia está a mudar. Partindo da estadia curta em Portugal promovida pelo turismo, é possível obter um compromisso a 20 anos com as empresas que se instalam em Portugal.

O facto de Portugal viver um momento único em termos económicos é motivo de atenção à escala global: crescimento acima da média da União Europeia, desemprego baixo, redução sustentada da dívida pública e um défice orçamental quase de 0%, permitindo condições mais favoráveis ao financiamento em Portugal, ajudam muito nesta atenção a Portugal.

A realização recente de um duplo fórum económico Portugal-Reino Unido e Portugal-Índia, com a presença do nosso primeiro-ministro, constituiu um êxito sem precedentes! Na Bloomberg, em parceria com a AICEP, pudemos ouvir o testemunho de quem já investe em Portugal como a COLT, Cohort e a Claranet, assim como Nuno Sebastião da Feedzai e o Gonçalo Vasconcelos, fundadores portugueses a operar no Reino Unido.

Co-organizado com a Confederação da Industria Indiana no Reino Unido, demos expressão à opção política de Portugal pela Índia. Aproveitámos o triângulo da diáspora Portugal, Reino Unido e Índia para promover e incrementar o investimento indiano em Portugal. Falando de turismo, contactámos com marcas internacionais apresentando a nossa oferta, designadamente no âmbito do programa Revive.

Em articulação com o turismo lançámos a campanha “Can’t Skip Facts”, porque há factos que não podem ser negligenciados na nossa posição no mundo. Esta campanha teve um impacto excelente no Reino Unido, abrangendo 1,8 milhões de pessoas. Queremos estendê-la a um universo mais alargado de destinatários.

Por outro lado, para estarmos à altura deste crescendo de procura, é fundamental a atenção à nossa oferta, à forma como as diferentes estruturas de administração vão respondendo. Neste sentido, interessante o caminho feito pelo SEF: numa autorização de residência para investimento, hoje é já possível submeter documentação, efetuar pagamento e gerar agendamento por plataforma eletrónica. Esse agendamento pode ser feito em todas as delegações no país. Hoje, quando se trata de uma relação mais duradoura, autoridades consulares e SEF trocam informações. De futuro, queremos ir mais longe com o lançamento de um projeto piloto que permita a recolha dos dados biométricos e, sobretudo, uma única vinda aos serviços no processo de relação com estruturas de administração.

Na relação com a AICEP e Turismo de Portugal, para além de uma representante da Portugal In em Londres, reforçámos a nossa presença conjunta nos meios digitais num conceito “one-stop-shop”.

Não obstante toda a imprevisibilidade que rodeia o "Brexit", o importante é aproveitar o momento para reforçar a comunicação entre os que olham para Portugal e a nossa capacidade de resposta.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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