PS quer ouvir administração dos CTT. BE leva "situação preocupante" ao debate quinzenal

Redução de trabalhadores nos CTT promete marcar debate quinzenal. Socialistas querem ouvir administração da empresa no Parlamento até ao final da semana.

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Ricardo Campos

O último debate quinzenal deste ano com o primeiro-ministro, António Costa, realiza-se nesta quarta-feira (15h), estando a abertura a cargo do BE, que vai levar ao Parlamento a "situação preocupante dos CTT", que prevê reduzir 800 trabalhadores em três anos.

Em antecipação à agência Lusa, fonte oficial do BE justificou que "à degradação do serviço prestado junta-se agora o anúncio de encerramento de lojas e balcões, venda de património e despedimento de mil trabalhadores até 2020 sem que se conheça o instrumento legal que a empresa pretende utilizar para o efeito".

"Esta é uma situação preocupante e confirma a urgência do resgate dos CTT para a esfera pública", acrescentou a mesma fonte.

O PS, por sua vez, quer ouvir com urgência a administração dos CTT. Em declarações à agência Lusa, o deputado Luís Testa, coordenador na comissão parlamentar de Economia, disse que, embora já estivesse prevista a audição da administração dos CTT, a notícia de terça-feira fez com que os socialistas reforçassem o requerimento, para que a audição "não seja urgente, mas emergente".

O anúncio "é manifestamente contraditório com a necessidade de reforçar a estrutura dos CTT, para prestar o serviço público que está contratualizado com o Estado", disse o deputado, segundo o qual os CTT "prestam mal o serviço público".

"Fomos surpreendidos por esta notícia inusitada, veiculada pela administração dos CTT, de que estaria em operação um emagrecimento da estrutura, que já presta mal o serviço público e que ascendia ao despedimento de 800 trabalhadores, num prazo de três anos", disse o deputado, acrescentando que, face a essas notícias, é imperativo ouvir a administração dos CTT antes do Natal.

E justificou: "Porque não me parece lógico que esta notícia seja dada da forma como foi, na quadra em vivemos, e colocar em sobressalto 800 trabalhadores. Portanto, o PS quer ouvir a administração dos CTT no sentido de recolher todos os cabais esclarecimentos sobre esta notícia que a nós nos parece absolutamente inusitada".

Luís Testa salientou que o PS está empenhado em que a audição seja ainda esta semana, até na sexta-feira à tarde se for necessário, para que os trabalhadores não passem o Natal em sobressalto.

"Os partidos políticos têm o direito de saber e o dever de apurar aquilo que são os factos que conduziram à produção da notícia por parte da administração dos CTT", afirmou.

Os CTT prevêem reduzir cerca de 800 pessoas nas operações da empresa ao longo de três anos, devido à queda do tráfego do correio, de acordo com o Plano de Transformação Operacional, divulgado na terça-feira, que estabelece ainda a redução de 25% da remuneração fixa do presidente do Conselho de Administração, António Gomes Mota, e do presidente executivo, Francisco de Lacerda.

Outros temas do debate quinzenal

A polémica em torno da Raríssimas deverá ser outros dos temas levados ao debate quinzenal pelos partidos da oposição, uma vez que depois da audição parlamentar de segunda-feira do ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, o CDS-PP considera que não foram cabalmente esclarecidas algumas questões.

A pedido do PS, o ministro da tutela foi ouvido no Parlamento a propósito da polémica em torno da Raríssimas - Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras, que já levou à demissão do então secretário de Estado da Saúde Manuel Delgado e da presidente da instituição Paula Brito e Costa.

Em Bruxelas, na semana passada, António Costa escusou-se a comentar suspeitas sobre um eventual favorecimento político na atribuição de subsídios à Raríssimas, alegando então não ter "nenhum indício" nesse sentido, tendo manifestado "total confiança política" em Vieira da Silva.

Será ainda expectável que a notícia conhecida na sexta-feira de que a agência de notação financeira Fitch retirou Portugal do 'lixo' e melhorou em dois patamares o rating atribuído à dívida pública portuguesa seja levada ao debate pelos socialistas.

BE e PCP, partidos que apoiam parlamentarmente o Governo socialista, já desvalorizam esta decisão, tendo os bloquistas considerado que Portugal "não precisa de pancadinhas nas costas" das instituições europeias e das agências de rating e os comunistas defendido que as agências de notação financeira "não são rigorosas", e, se o país está a crescer, é graças ao povo.

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