1915-2015: comemoremos na Turquia o genocídio arménio!

Apelamos a todos os amantes da verdade que comemorem, juntos e pacificamente, em Istambul, no próximo dia 24 de Abril, o genocídio perpetrado contra os Arménios.

Há cem anos, cem longos anos, que o negacionismo deste crime se situa no coração da política e da diplomacia do Estado turco, fundado sobre a espoliação dos Arménios e a destruição da sua cultura.

Há cem anos que o negacionismo continua a fazer vítimas, alimenta o nacionalismo e os conflitos e impede o desenvolvimento da liberdade de expressão e da democracia na Turquia.

Há vários anos que vozes cada vezes mais numerosas e apoiadas na sociedade civil europeia se elevam no seio da sociedade civil na Turquia para que seja reconhecida a realidade de genocídio e para comemorar na Turquia a sua perpetração. É neste quadro que se apresentam, desde 2010, as comemorações na Turquia.

Este ano, o estado turco resolveu cinicamente marcar as comemorações da batalha de Galipoli para o dia 24 de Abril, numa nova tentativa de encobrir o genocídio arménio. Além disso, as autoridades turcas empenham-se numa ofensiva de charme a fim de evitar um envolvimento internacional em torno das comemorações do genocídio arménio.

Nós, Europeus, Arménios, Turcos e Curdos, que iniciámos, organizamos, apoiamos e participamos nessas comemorações, apelamos a todos os amantes da verdade que comemorem, juntos e pacificamente, em Istambul, no próximo dia 24 de Abril, o genocídio perpetrado contra os Arménios.

Com efeito, a comemoração deste genocídio não é um assunto exclusivo dos Turcos e dos Arménios mas da humanidade inteira, e é particularmente no seio da sociedade turca que se situa hoje situa hoje a linha da frente de combate contra o negacionismo.

A nossa iniciativa partilhada é universalista. É uma iniciativa de solidariedade, de justiça e de promoção da democracia, logo de futuro.

É uma iniciativa de solidariedade entre todos aqueles que se batem pela verdade histórica. A linha divisória não é entre turcos e arménios, mas sim entre os que combatem o negacionismo e os que o promovem, independentemente das suas origens e nacionalidades.

É uma iniciativa de justiça. O genocídio é o acto político mais violento a que o racismo pode conduzir e o negacionismo é o seu prolongamento. Lutar contra o negacionismo é lutar também contra o racismo, logo por uma sociedade mais igualitária e mais justa.

É uma iniciativa de promoção da democracia. Lembrar os desaparecidos é um acto de humanidade e de reparação simbólica que se impõe a todos. Fazê-lo na Turquia, é dar ali mais força à liberdade de expressão, pondo em causa os fundamentos do carácter não-democrático do poder turco.

Assim, comemorar na Turquia o genocídio arménio permite a todos, e particular às jovens gerações, reunidas em torno dos valores da democracia, um confronto com a verdade histórica, oferecendo uma oportunidade de projectarem em conjunto o seu futuro.

Apelamos a todos os que partilham estes valores e esta visão para que se juntem a nós e comemorem, no próximo dia 24 de Abril em Istambul, o centésimo aniversário do genocídio arménio.

 

Benjamin Abtan, Presidente do Movimento Anti-racista Europeu – EGAM (Europa), Alexis Govciyan & Nicolas Tavitian, Presidente et Director da União Geral Arménia para a Benevolência – Europa, Levent Sensever, porta-voz da Iniciativa Cívica Durde! (Turquia); e Charles Aznavour (França), Bernard Kouchner (França), Ozutrk Turkdogan (Turquia), Artak Kirakosyan (Arménia), Dominique Sopo (França), Edward Mier-Jedrzejowicz (Polónia), Bernard-Henri Lévy (França), Ara Toranian (França), Fethiye Çetin (Turquia), Elina Chilinguirian (Belgica), Daniel Cohn-Bendit (Alemanha/França), Cengiz Aktar (Turquia), Sonia Avakian-Bedrossian (Bulgária), Adam Michnik (Polónia), Amos Gitaï (Israel), Ahmet Insel  (Turquia), Patrick Donabedian (França), Dario Fo (Itália), Aydin Engin (Turquia), Raffi Kantian (Alemanha), Jovan Divjak (Bósnia-Herzegovina), Murat Çelikkan (Turquia), Valentina Poghossian (Reino Unido), André Glucksmann (França), Ümit Kivanç (Turquia), Elena Gabriielian (França), Richard Prasquier (França), Ferhat Kentel  (Turquia), Hrant Kostanyan, (Bélgica), Karim Lahidji, Yusuf Alatas e Antoine Bernard (França), Korhan Gumus (Turquia), Eduardo Lorenzo Ochoa (Bélgica), Gilbert Dalgalian (França), Angela Scalzo (Itália), Cafer Solgun (Turquia), Vartkess Knadjian (Suiça), Mario Mazic (Croácia), Sanar Yurdatapan (Turquia), Ahmed Moawia (Grécia), Ferda Keskin (Turquia), Harout Palanjian (Holanda), Oana Mihalache (Roménia), Sinan Özbek (Turquia), Mato Hakhverdian (Holanda), Anetta Kahane (Alemanha), Nurcan Kaya (Turquia), Seta Papazian (França), Inge Drost (Holanda), Jane Braden-Golay (Suíça), Zakariya Mildanoglu (Turquia), Oncho Cherchian (Bulgária)

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