Dezenas de milhares de sírios procuram refúgio nos Golã, Israel fortalece presença militar

Estado hebraico teme aproximação de forças iranianas e do Hezbollah da sua fronteira norte.

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Deslocados da província de Deera chegam à zona dos Montes Golã,Deslocados da província de Deera chegam à zona dos Montes Golã Alaa Al-Faqir/REUTERS,Alaa Al-Faqir/REUTERS
Em fuga dos bombardeamentos, a zona perto da fronteira com Israel é vista por muitos sírios ocmo mais segura
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Em fuga dos bombardeamentos, a zona perto da fronteira com Israel é vista por muitos sírios ocmo mais segura ALAA AL-FAQIR/Reuters
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Israel aumentou este domingo a sua presença militar nos Montes Golã, na fronteira com a Síria, na sequência de avanços das tropas do regime de Bashar al-Assad e seus aliados no país vizinho. Dezenas de milhares de sírios em fuga dos bombardeamentos procuraram refúgio perto da fronteira, levando Israel a dar ajuda humanitária – sublinhando, no entanto, que não os deixará entrar.

A ofensiva militar de Assad com apoio russo levou à fuga de mais de 160 mil pessoas, muitas das quais procuraram abrigo não só junto de Israel, mas também da fronteira com a Jordânia. Amã também avisou que não deixaria entrar nenhum refugiado, justificando-se por ter recebido nos últimos anos mais de um milhão de refugiados sírios (o número de registos de refugiados no país é de 650 mil). Tal como Israel, a Jordânia também deu ajuda humanitária para o outro lado da fronteira.

Das Nações Unidas, o secretário-geral, António Guterres, expressou “alarme profundo” pelo aumento das hostilidades no Sudoeste da Síria e o seu efeito “devastador” para os civis, mais um episódio de uma guerra que levou mais de metade da população síria a abandonar as suas casas e procurar lugares mais seguros dentro ou fora do país. Muitos têm-se deslocado várias vezes desde 2011, quando uma revolta pacífica contra Assad foi brutalmente esmagada pelas forças do regime e se transformou numa guerra civil em que morreram já mais de 500 mil pessoas.

O regime está a atacar a zona de Deraa, precisamente o local onde começou em 2011 a revolta pacífica – apesar de ter acordado, junto com Moscovo, EUA e Jordânia, que esta seria uma zona de “diminuição de tensão” e assim não haveria escalada de hostilidades. Washington prometeu que responderia caso o acordo fosse quebrado, mas tem ignorado os ataques do regime. Rebeldes dizem que foram avisados pelos norte-americanos de que não haveria acção dos EUA em reposta a esta violação do acordo.

Isso deixa Israel numa situação especial, porque com Assad a aproximar-se da sua fronteira Norte, há o perigo da aproximação de forças dos outros dois aliados que apoiam o regime em combate: forças iranianas e do grupo xiita libanês Hezbollah.

Israel repete que mantém a neutralidade na Síria, mas tem atacado pontualmente grupos de combatentes iranianos ou libaneses, carregamentos de armas, ou locais que diz serem controlados por eles no território vizinho, para não permitir que a Síria se torne um ponto de partida destes grupos para lançar ataques contra si.

Na sua reunião de Governo de início da semana (que na região começa ao domingo), o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sublinhou que Israel irá “defender as fronteiras, dar ajuda humanitária, mas não permitir entrada no nosso território, e exigir adesão estrita aos acordos de 1974 com o exército sírio”, na sequência do fim da guerra do Yom Kippur em que Estados árabes tentaram recuperar território conquistado por Israel na guerra de 1967, como os Montes Golã (entretanto anexados; a anexação não é reconhecida pela comunidade internacional).

Apesar de várias tentativas, e até anúncios, de tréguas entre as forças de Assad e os rebeldes, em conversações patrocinadas pela Jordânia, os ataques continuaram no fim-de-semana. Pressionadas pela ofensiva, uma série de cidades assinaram acordos de “reconciliação” com o regime.

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