China: paz na península coreana depende de Washington e Pyongyang

"Eles têm a responsabilidade principal por começar a mover-se na direcção certa, não a China", afirmou embaixador chinês nas Nações Unidas.

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O embaixador chinês disse que a aplicação das resoluções do Conselho de Segurança está a ser dificultada por sanções unilaterais Reuters/CARLO ALLEGRI

Estados Unidos e Coreia do Norte têm a "principal responsabilidade" pela escalada de tensões e por negociar a paz na Península Coreana, não a China, afirmou na segunda-feira o embaixador de Pequim nas Nações Unidas. Liu Jieyi disse que se Washington e Pyongyang rejeitarem reduzir as tensões "não interessa o quão capaz a China é, os esforços chineses não vão produzir resultados práticos, porque depende dos dois lados principais".

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou a China de falhar na tentativa de travar o programa nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte e ameaçou com possíveis represálias económicas contra Pequim, que é responsável por 90% do comércio externo do país governado por Kim Jong-un.

Liu disse que, em vez de cumprir o apelo do Conselho de Segurança para reduzir tensões e relançar as negociações a seis [China, Estados Unidos, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Japão e Rússia], as tensões têm aumentado como resultado de novos testes com mísseis, comentários como "todas as opções estão sobre a mesa" e a instalação do sistema antimísseis norte-americano THAAD na península coreana.

O embaixador chinês acrescentou que a aplicação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU está a ser dificultada por sanções unilaterais e "precondições para iniciar o diálogo" com Pyongyang, numa crítica directa a Washington.

A administração Trump declarou que todas as opções, incluindo um ataque militar, estão a ser ponderadas, para travar a Coreia do Norte de ameaçar os Estados Unidos e aliados na região. A Casa Branca optou por pressionar Pyongyang através de sanções unilaterais e pediu à China para usar a sua influência. Os dois recentes testes com misseis balísticos intercontinentais conduzidos por Pyongyang vieram colocar ainda mais pressão sobre a administração norte-americana.

Quanto a retomar as negociações, suspensas desde 2009, os Estados Unidos afirmaram que não vão entrar em negociações com a Coreia do Norte até o país provar que tenciona prescindir do programa nuclear.

No domingo, Trump escreveu na rede de mensagens instantâneas Twitter: "Estou muito decepcionado com a China. Os nossos antigos líderes, ingénuos, permitiram-lhes ganhar centenas de milhares de milhões de dólares por ano em comércio e, no entanto, não fazem nada por nós em relação à Coreia do Norte".

Em conferência de imprensa, Liu colocou a responsabilidade pela questão da península coreana sobre Washington e Pyongyang. "Eles têm a responsabilidade principal por começar a mover-se na direcção certa, não a China", afirmou. "A China tem vindo a implementar as resoluções [da ONU] de boa vontade e de forma completa", acrescentou.

Liu defendeu que a comunidade internacional deve avançar em várias frentes e "garantir que a vontade política para resolver a questão da desnuclearização se traduz em passos concretos, negociações, diálogo, reduzir as tensões no terreno".

O embaixador chinês na ONU adiantou que a China está à procura de apoio para a proposta de suspensão do programa nuclear da Coreia do Norte e, ao mesmo tempo, das manobras militares dos Estados Unidos na Coreia do Sul, para "amortecer a crise" na península coreana.

A proposta da China, que é apoiada pela Rússia, inclui a desnuclearização da península coreana e "um mecanismo de paz e segurança" na Coreia do Norte e na Coreia do Sul, afirmou Liu.

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