Costa junta-se pela primeira vez às vozes de protesto contra a greve na TAP

Secretário-geral do PS afirmou que a paralisação dos pilotos terá um "impacto extremamente negativo".

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TAP já tem 276 voos assegurados, mas espera realizar mais Foto: Nelson Garrido

Os trabalhadores da TAP saíram à rua, o Governo voltou a fazer apelos e os pilotos continuam divididos, mas a voz mais forte de protesto contra a greve de dez dias na TAP que começa já na sexta-feira foi a do secretário-geral do PS. Não tanto pelo que disse, mas pelo facto de ter sido a primeira vez que António Costa se fez ouvir sobre o tema, afirmando que a paralisação de dez dias vai ter “um impacto muito negativo” e que, por isso, gera “apreensão”.

À margem de uma cerimónia da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, António Costa defendeu que esta greve é “mais um mau contributo” para a companhia de aviação e significa um “retrocesso”, lamentando que não tenha sido possível um acordo para travar a paralisação. “É um enorme desgosto”, considerou. Para o secretário-geral do PS, que até aqui não se tinha pronunciado sobre a decisão do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), esta greve, que está marcada para o período entre 1 e 10 de Maio, vai ter “um impacto extremamente negativo”, tanto para a TAP, como para a economia nacional.

As declarações de António Costa surgiram em mais um dia de fortes críticas à paralisação convocada pelos pilotos para reclamar a reposição das diuturnidades suspensas desde 2011 e uma fatia no capital da transportadora aérea.

Do lado do Governo, voltaram a soar apelos a que o SPAC reconsidere a decisão. Citado pela Lusa, o primeiro-ministro disse esperar “que os pilotos possam ponderar bem as consequências desta greve”, voltando a fazer votos de que haja “maturidade e bom senso”. Já o ministro da Economia disse, a partir da Polónia, que acredita “que os pilotos saberão ponderar”, sublinhando que, caso a TAP seja obrigada a avançar com uma reestruturação, estes trabalhadores serão “os primeiros a encontrar emprego”.

Dentro da transportadora aérea, a discórdia fez-se sentir na marcha silenciosa em que participaram cerca de 300 trabalhadores contra a greve agendada pelo SPAC. Mas as críticas também vieram do presidente da ANA, que demonstrou preocupação com “a competitividade do destino” Portugal e do próprio sector do turismo, que continua a alertar para os avultados prejuízos que esta paralisação irá provocar.

Mas o sindicato também não se remeteu ao silêncio e voltou nesta quarta-feira a emitir um comunicado em que frisa que “são lamentáveis as afirmações da administração da TAP e os pedidos de humildade do Governo”, esclarecendo que esta greve não pretende protestar contra a privatização da empresa, mas sim contra o que entende ser um incumprimento de acordos selados com os pilotos.

Apesar das tentativas que houve para conseguir uma aproximação entre o SPAC, a transportadora aérea e o Governo, até agora esses esforços foram em vão. Nem mesmo os apelos que surgiram de dentro da classe surtiram ainda efeito. E, por isso, tudo indica que a greve de dez dias irá mesmo avançar, a não ser que surja um entendimento de última hora.

Mas mesmo que tal aconteça, já não irá a tempo de reparar os danos causados desde o anúncio desta paralisação. Neste momento, a TAP já definiu os 276 voos que irá realizar ao abrigo dos serviços mínimos, mantendo a expectativa de que alguns pilotos compareçam ao serviço e seja possível garantir mais ligações. A companhia de aviação estimava transportar cerca de 350 mil passageiros entre 1 e 10 de Maio e calcula que sofrerá perdas de 70 milhões de euros com esta greve agendada pelo SPAC.

 

 

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