Morreu William Greaves, um dos primeiros cronistas da realidade negra nos Estados Unidos

Deveu-se-lhe o primeiro magazine noticioso sobre a comunidade afro-americana, que chegou a ganhar o Emmy.

Foto
DR

William Greaves, que morreu em Nova Iorque aos 87 anos de idade, foi um dos primeiros cronistas da realidade negra nos Estados Unidos em plena época quente da luta pelos direitos civis. Ao longo de dois anos, apresentou e produziu o aclamado magazine televisivo Black Journal, que, entre 1968 e 1970, foi o único programa nacional dedicado exclusivamente à comunidade afro-americana e chegou inclusive a vencer o Emmy de melhor magazine noticioso.

Após abandonar o programa em 1970, dedicou-se ao cinema documental, produzindo e realizando um grande número de filmes e programas televisivos dedicados à história da comunidade negra nos EUA, como The Fighters (1974), sobre o combate de boxe entre Muhammad Ali e Joe Frazier em 1971, ou A Passion for Justice (1989), sobre a sufragista e pioneira dos direitos afro-americanos Ida B. Wells. Greaves tivera anteriormente uma fugaz carreira de actor, sendo inclusive aceite pelo prestigiado Actors Studio, e trabalhou entre 1952 e 1963 para o National Film Board of Canada, mas a luta pelos direitos civis da comunidade negra acabaria por levar a melhor.

“Tornou-se-me evidente que a não ser que os negros começassem a produzir informação para o grande écrã e para a televisão existiria sempre uma distorção da 'imagem negra'”, escreveu em 1969.

Ainda assim, a sua produção, mesmo que aclamada pela crítica e pelo público, raramente transcendeu a sua reputação como cineasta de interesse social, nem mesmo com a sua experiência pioneira na ficção experimental Symbiopsychotaxiplasm: Take One (1969), um lendário “filme perdido” que só em 2005 chegaria à estreia comercial. “Pensei que ia ser um furacão, mas acabei por ser apenas uma simples gota de chuva,” disse em tempos Greaves, que morreu na passada segunda-feira em sua casa em Manhattan.

Sugerir correcção
Comentar