Festival em Lisboa celebra e reflecte o pós-colonialismo

Entre 22 e 29 de Maio, no São Jorge, em Lisboa, decorrerá o Rotas & Rituais, no contexto do 40º aniversário da independência do domínio colonial português, com concertos – dos Tubarões a Nástio Mosquito – conferências, cinema ou exposições.

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Nástio Mosquito
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Documentário Guerrilla Grannies
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Filme Convention: Mur Noir/Trous Blancs

Concertos, conferências, exposições, arte urbana ou cinema, num contexto de celebração e reflexão sobre os 40 anos das independências dos países africanos de expressão portuguesa, eis a proposta do festival Rotas & Rituais, uma organização da EGEAC, que se realiza, em Lisboa, entre 22 a 29 de Maio.

“Passados 40 anos, o que representa nos dias de hoje o colonialismo, a libertação e a liberdade? Como se transmitem as memórias deste período para as gerações futuras? Como se constrói um futuro comum a partir deste passado?”, eis algumas das perguntas lançadas por um evento que pretende celebrar e provocar a reflexão sobre o pós-colonialismo.

Das actividades previstas, destaque, no campo da música, para os concertos de duas importantes formações históricas – os Tubarões de Cabo Verde (dia 29) e os Ghorwane de Moçambique (dia 28) – e para as interrogações contemporâneas do angolano Nástio Mosquito (dia 27) e do seu convidado, o projecto Moço Árabe, ou ainda para uma sessão de baile guiada pelos guienenses Djumbai Djazz (dia 23).

Na rua Cais de Alcântara, entre 22 e 25 de Maio, será possível assistir à criação de um núcleo de peças de arte urbana, num contexto que reinterpreta o património iconográfico das independências dos anos 1970 até à actualidade. No 1º andar do São Jorge, a 22 de Maio, inaugurará a exposição de fotografia Filhos do Vento, da autoria do fotojornalista Manuel Roberto – parte de uma grande reportagem do PÚBLICO, da autoria de Catarina Gomes com imagens-vídeo de Ricardo Rezende – sobre os filhos que os militares portugueses da guerra colonial deixaram para trás. 

Ao final da tarde, pelas 19h30, haverá conferências, tendo como contexto questões em aberto do pós-colonialismo. A jornalista Catarina Gomes moderará Filhos da Guerra (dia 22), enquanto o músico General D estará no centro de O Passado no Presente, a Herança do Colonialismo na Sociedade e Cultura Portuguesas (dia 23) e Como Fazer o Futuro Hoje (dia 24). A jornalista Marta Lança moderará Entre a Memória e Resistência (dia 29), onde vai ser debatido o papel da cultura como resistência.

O cinema e o documentário estarão presentes, ao longo da semana, com obras como Latanda (Gorka Gamarra), Grande Hotel (Lotte Stoops), Nôs Terra (Anna Tica, Nuno Pedro e Toni Polo), Convention: Mur Noir/Trous Blancs (Joris Lachaise) ou Guerrilla Grannies – How To Live In This World (Ike Bertels).

Em paralelo às actividades do São Jorge, decorrerá um colóquio multidisciplinar na Fundação Calouste Gulbenkian, que congrega especialistas das Ciências Sociais e das Humanidades, oriundos de instituições académicas de diversos países, interessados em debater as histórias, memórias, interacções e legados da Casa dos Estudantes do Império.

Ao longo de três dias haverá análises sobre temas como A Situação Colonial e os Temas da Dissensão, Os Movimentos Estudantis no Desmoronar dos Vários Impérios Coloniais ou Repensar os conceitos de Colonial, Descolonização e Pós-Colonial. Segundo a organização será uma semana intensa que servirá para Lisboa olhar para si própria. O mote é lançado pelo título de uma canção de Os Tubarões há quase 40 anos: Labanta Braço, Grita Bo Liberdade.

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