Vidas Passadas, O Pior Homem de Londres e outros filmes para ver esta semana
A equipa do Ípsilon e do Cinecartaz está de volta com mais uma selecção de filmes que não deve perder.
Nora nasceu na Coreia do Sul, onde viveu até aos 12 anos, quando os pais resolveram emigrar para o Canadá. Nessa altura, o que mais lhe custou foi deixar Hae Sung, o seu amigo mais próximo.
Os anos passaram e ela mudou-se para Nova Iorque, onde é agora uma dramaturga de sucesso e vive feliz com Arthur, o seu marido americano. O amigo, por seu lado, manteve-se na Coreia, formou-se em engenharia mecânica e serviu algum tempo como militar.
Um dia, através da internet, Nora e Hae Sung retomam o contacto. E quando, vários anos depois, ele decide visitar Nova Iorque, os dois marcam um encontro. A resolução de se reencontrarem será uma viagem ao passado que se vai revelar bastante dolorosa.
Em competição no Festival de Cinema de Berlim e nomeado para os Óscares de melhor filme e argumento original, esta reflexão semi-autobiográfica sobre o amor e o destino é escrita e realizada pela canadiana de origem sul-coreana Celine Song, que aqui se estreia em cinema. Greta Lee, Teo Yoo e John Magaro dão vida às personagens.
Nascido no Porto a 10 de Março de 1840, filho de pai inglês e mãe portuguesa, Charles Augustus Howell foi um vigarista e negociante de arte conhecido por falsificar obras de arte e por chantagear um grande número de pessoas, incluindo o poeta, ilustrador e pintor inglês Dante Gabriel Rossetti (1828-1882), um dos fundadores da Irmandade Pré-Rafaelita, de quem Howell foi agente.
Polémico e sedutor, Howell morreu em circunstâncias estranhas, com o seu corpo a ser encontrado no dia 21 de Abril de 1890, em frente a um prostíbulo do bairro de Chelsea, com a garganta cortada e uma moeda na boca. Posteriormente, foram descobertas em sua casa cartas comprometedoras de várias pessoas importantes, levantando suspeitas sobre o seu assassinato, que nunca chegou a ser resolvido.
Foi a sua reputação de chantagista que serviu de inspiração a Sherlock Holmes, a conhecida personagem de Arthur Conan Doyle (1859-1930), no seu conto A Aventura de Charles Augustus Milverton, onde o referiu como “o pior homem de Londres”.
E foi esse o título escolhido pelo realizador Rodrigo Areias (Estrada de Palha, 1960, Surdina, Arte da Memória) para esta história situada numa Inglaterra do século XIX, que tem Albano Jerónimo como protagonista e Victória Guerra, Edgar Morais, Edward Ashley, Carmen Chaplin, Christian Vadim e Jean-François Balmer como actores secundários.
Em competição no Festival de Roterdão, O Pior Homem de Londres é uma co-produção entre a Leopardo Filmes, a Alfama Films, a APM Produções e a Viva Devagar.
A partir do início do século XX, seguimos três décadas da história de Celie, uma jovem afro-americana inserida no difícil contexto do Sul dos Estados Unidos, onde a violência e o racismo eram predominantes.
Com uma infância difícil, Celie engravida do próprio pai aos 14 anos, é forçada a entregar o filho para adopção e a casar-se com um homem que a maltrata física e psicologicamente, e que a afasta da irmã Nettie, a única pessoa com quem tinha uma ligação de afecto.
Após muitos anos de provação e maus-tratos, Celie reencontra Nettie, com quem forja uma nova relação: a de duas mulheres adultas num mundo transformado.
Baseado no romance da norte-americana Alice Walker – que com ele ganhou o National Book Award e o Prémio Pulitzer de Ficção em 1983 –, um drama já transposto para o grande ecrã por Steven Spielberg, que na altura contou com a participação de Whoopi Goldberg, Danny Glover, Oprah Winfrey e Willard E. Pugh, teve 11 nomeações para os Óscares de 1986 e se tornou um marco na história do cinema.
Com Spielberg e Winfrey na lista de produtores, esta versão musical realizada por Blitz Bazawule (Black Is King) e escrita por Marcus Gardley, tem as actuações de Fantasia Barrino, Ciara, Phylicia Pearl Mpasi, Halle Bailey, Corey Hawkins, Taraji P. Henson, H.E.R. e Danielle Brooks (que, por este papel, foi nomeada para o Óscar de melhor actriz secundária).
Baan, palavra tailandesa que designa “casa”, é a primeira longa-metragem de ficção realizada por Leonor Teles, depois da curta Balada de Um Batráquio (2016), que a transformou na mais jovem vencedora de sempre do Urso de Ouro em Berlim, e do documentário Terra Franca (2018), que se estreou no Festival de Cinema du Réel, em Paris, onde recebeu o Prix International de la Scam.
Produzida por Uma Pedra no Sapato e estreada mundialmente no Festival de Locarno, narra a história de L (Carolina Miragaia), que acaba de entrar como estagiária num ateliê de arquitectura (cujos responsáveis são interpretados pelos cineastas Filipa Reis e João Miller Guerra, também produtores deste filme) e que vive uma montanha-russa emocional ao sair de uma relação fracassada e começar um novo relacionamento.
Pedro, um órfão de 14 anos, que ao longo do filme vai conhecer a trágica história da sua vida, é a personagem unificadora à volta da qual tudo se desenrola e sobre quem recai a responsabilidade de contar a narrativa. À sua volta, várias histórias entrelaçadas que atravessam todo o século XIX sobre 40 diferentes personagens. Amor, paixão, crime e adultério, onde cada um tem o seu papel no destino dos outros.
Estreado em 2010, Mistérios de Lisboa foi o último filme de Raúl Ruiz (Combate de Amor em Sonho, Klimt, O Tempo Reencontrado) e conta com a participação de um leque internacional de actores: Adriano Luz, Maria João Bastos, Ricardo Pereira, Clotilde Hesme, Afonso Pimentel, Léa Seydoux, Rui Morisson ou Catarina Wallenstein, entre outros.
Este drama tem por base o romance homónimo escrito por Camilo Castelo Branco em 1854, inspirado em Eugène Sue e exposto pelo escritor como uma autobiografia verídica que lhe teria sido contada.
Em exibição no dia 10 de Fevereiro, na Cinemateca Portuguesa: a primeira parte às 17h30; a segunda às 21h30. Também disponível na Filmin.