Administração do Centro Hospitalar do Algarve chamada à comissão de Saúde

Responsáveis são ouvidos na terça-feira devido à gestão de meios. Este fim-de-semana há concentração de motards em Faro, mas só a urgência de ortopedia do Hospital de Portimão garantirá assistência aos utentes.

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Directores de departamento dizem que a unidade não está preparada para responder às necessidades VIRGILIO RODRIGUES

O novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que tem sido alvo de grande contestação interna, vai ser ouvido na próxima terça-feira na Comissão Parlamentar de Saúde, por iniciativa do grupo parlamentar do PSD, que quer também ouvir seis directores de departamento (nomeados pela nova administração). Estes directores subscreveram recentemente uma carta na qual alertam que “a instituição não está de modo nenhum preparada para fazer face às necessidades assistenciais que se avizinham”.

Para o mesmo dia, está marcada mais uma audição. A Administração Regional de Saúde do Algarve vai ao Parlamento. A iniciativa é do PS, que diz que “a prestação de cuidados de saúde no Algarve é, desde há vários anos, uma situação reconhecida por todos como problemática".

O PSD vai mais longe e coloca a tónica na falta de pessoal médico que, segundo o deputado Cristóvão Norte, “permanece um sério problema, com consequências no bom funcionamento dos serviços, em especial na Urgência, na Neurocirurgia, na Ortopedia e na Anestesia, o que acaba por, naturalmente, se repercutir de forma negativa na própria prestação de cuidados de saúde às populações”.

Para os social-democratas, “esta situação não só se agravou nos últimos meses, como assume ainda maior gravidade nesta fase do ano em que o país se encontra no início da época balnear com o consequente aumento da procura de cuidados de saúde de que o CHA é objecto”.

Com a nova administração, liderada por Joaquim Ramalho, o CHA, que integra os hospitais de Faro e Portimão, mergulhou numa contestação interna grande marcada pela demissão de vários directores. Ao mesmo tempo, muitos profissionais hospitalares criticaram algumas das medidas implementadas pela administração.

O PSD insiste na relevância desta situação e ontem mesmo o deputado Cristóvão Norte, eleito pelo Algarve, dirigiu uma carta ao Governo para apurar responsabilidades relativamente à falta de resposta a nível da Ortopedia no Algarve. É que este fim-de-semana realiza-se a habitual concentração de motards em Faro e só estará a funcionar a urgência de Ortopedia do Hospital de Portimão. “Como é que a realização de uma iniciativa desta magnitude não foi devidamente ponderada do ponto de vista das escalas de urgência?” questiona o deputado, para quem “uma concentração deste género, que envolve cerca de 30 mil pessoas, exige uma resposta em estado especial de prontidão”.

Ortopedia e Neurocirurgia sem meios

A Ortopedia e a Neurocirurgia são as duas especialidades com falta de recursos humanos, a que se junta também a Anestesia. A administração tem tentado superar a falta de recursos humanos, contratando ortopedistas de Bragança, mas estarão verificar-se divergências com a direcção do serviço. Álvaro Botelho pediu a demissão do cargo de director do serviço de Ortopedia do Hospital de Faro, que acumulava com o de director de serviço do Hospital de Portimão, mas a administração não resolveu ainda o problema.

A contestação à nova equipa directiva ganhou algum fôlego com o pedido de demissão da directora do serviço de Neurocirurgia, Alexandra Adams, a 31 de Março deste ano. A médica pediu a demissão de directora do serviço, alegando “não poder continuar a gerir um serviço cirúrgico que não dispõe de tempos operatórios”, impedindo a realização de grandes cirurgias diferenciadas como são as tumorais, por exemplo. Desde Junho de 2015, que os tempos cirúrgicos atribuídos à Neurocirurgia têm vindo a ser cortados.

Em Maio, Alexandra Adams escreveu uma carta ao director clínico, Carlos Santos, a quem, tinha pedido uma audiência, na qual faz o ponto da situação respeitante à acção médica do serviço. Avisa que “as patologias neurocirúrgicas, traumáticas, vasculares e tumorais são passíveis de rápida deterioração, não permitindo a sua transferência para um Centro Neurológico que dista 300 quilómetros“.

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