Banco de Portugal volta a rever em baixa crescimento do próximo ano

Crescimento da economia em 2024 revisto para 1,2%, um valor que fica abaixo dos 1,5% previstos pelo Governo no Orçamento do Estado.

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Mário Centeno é governador do BdP LUSA/TIAGO PETINGA
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Depois de em Outubro ter cortado as suas projecções para o crescimento da economia durante o próximo ano em 0,9 pontos percentuais, o Banco de Portugal viu-se forçado, num cenário em que a conjuntura externa não ajuda e as taxas de juro alta penalizam a procura interna a apresentar, apenas dois meses depois, previsões ainda mais negativas. O risco de uma recessão técnica este ano é igualmente mais forte agora.

No boletim económico divulgado esta sexta-feira, o banco central mantém a estimativa de crescimento para este ano em 2,1%, mas corta, de 1,5% para 1,2%, a sua previsão para a variação do PIB em 2024. Já em Outubro, o Banco de Portugal tinha reduzido esta projecção de 2,4% para 1,5%.

No que diz respeito a 2025, a previsão de crescimento para a economia portuguesa melhorou ligeiramente, de 2,1% para 2,2%. E, para 2026, o banco espera um crescimento de 2%.

Para além disso, apesar de não haver mudanças na taxa de crescimento anual, o banco central assume nas suas estimativas que, depois de um terceiro trimestre em que a variação em cadeia do PIB foi negativa, o quarto trimestre será de desempenho igualmente fraco, com valores de crescimento em torno de zero, o que significa que existe o risco de a economia entrar em recessão técnica, definida como dois trimestres consecutivos de variação negativa em cadeia.

Em relação às previsões de Outubro, aquilo que mudou nas projecções da entidade liderada por Mário Centeno para o próximo ano foi, principalmente, a expectativa relativamente à evolução do consumo privado e do investimento. Se em Outubro, a autoridade monetária estava à espera que o consumo privado crescesse 1,3% em 2024, acelerando face à variação de 1% esperada para 2023, agora está a apontar para uma estabilização do ritmo de crescimento, repetindo a projecção de um crescimento do consumo de 1% também para o próximo ano.

Para o investimento, a expectativa revelada em Outubro de uma aceleração significativa deste indicador, passando de um crescimento de 1,5% em 2023 para 5% em 2024 foi fortemente moderada no boletim publicado esta sexta-feira, passando a estimar-se, não só um crescimento mais lento de 0,9% este ano, como uma variação de apenas 2,4% no próximo.

No boletim, o banco assinala que “a evolução recente da actividade reflecte a fraqueza da procura externa, os efeitos cumulativos da inflação e a maior restritividade da política monetária, que se transmitiu às condições de financiamento dos agentes económicos”.

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