Rui Moreira nega que Stop vá ser um hotel: “É profundamente mentira”

Desde o encerramento do Stop, circulam nas redes sociais informações sobre os alegados interesses imobiliários para o terreno onde está o centro comercial. Autarquia volta a negar

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Maioria dos espaços do centro comercial foram encerrados na terça-feira Paulo Pimenta

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou esta quinta-feira que o município teria comprado o centro comercial Stop se os proprietários "pudessem e quisessem" vender o imóvel, rejeitando novamente a existência de interesses imobiliários.

Numa mensagem de vídeo partilhada na rede social Instagram, Rui Moreira diz ser "profundamente mentira" que na origem do encerramento de mais de uma centena de lojas do Stop, onde centenas de músicos tinham estúdios, estejam interesses imobiliários ou a construção de um hotel. "Nós não conhecemos nenhum projecto imobiliário para lá", assegura.

O autarca reagiu às muitas publicações que, desde terça-feira, quando a Polícia Municipal encerrou a maioria das salas do Stop, surgiram nas redes sociais e que alegam a existência de projectos imobiliários para o espaço onde está o centro comercial.

Um novo quarteirão

Ao lado do Stop, a IME, construtora com vários empreendimentos no Porto, lançou há cerca de um ano um concurso de ideias para o quarteirão da Oficina do Ferro, que fica ao lado e nas traseiras do Stop. A ideia é transformar o chamado Palácio Forte num novo empreendimento - e é sobre o alegado prolongamento desse espaço que as várias publicações nas redes sociais falam.

Rui Moreira acrescenta, na mensagem gravada em vídeo, que se os proprietários "pudessem e quisessem" vender o Stop, a autarquia "teria comprado o Stop ou iria comprar o Stop, tal como fez, aliás, relativamente ao Teatro Sá da Bandeira", através de direito de preferência.

"Aí sim, estava prevista a construção de um hotel e a cidade mobilizou-se para que a Câmara Municipal do Porto viesse a adquirir esse equipamento", referiu, rejeitando novamente a existência de interesses imobiliários.

Depois de adquirir o histórico teatro, a autarquia acabou por vendê-lo ao proprietário da Livraria Lello por 3,5 milhões de euros, por considerar que não precisava de mais espaços culturais na cidade. Os compradores ficaram obrigados, no entanto, a manter o espaço como sala de espectáculos.

Na terça-feira, mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas pela Polícia Municipal "por falta de licenças de utilização para funcionamento", justificou a Câmara Municipal do Porto. Centenas de músicos ocuparam durante cerca de cinco horas a Rua do Heroísmo em protesto, obrigando a polícia a desviar o trânsito automóvel para outras artérias da cidade.

O centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e a maioria das fracções dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas. Na próxima segunda-feira, às 14h, haverá uma manifestação contra o fecho do Stop em frente à Câmara do Porto.

Em conferência de imprensa, na quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto já tinha garantido que não vai autorizar a construção de "nenhum hotel" no local do centro comercial e que a compra do edifício pela autarquia não é viável.

"Eu não sei de nenhum interesse imobiliário e posso-lhe dizer uma coisa, a Câmara Municipal do Porto não autoriza ali a construção de nenhum hotel, se for caso disso. (...) A história de que o que nós queremos é gentrificar aquilo parece-nos uma história absurda", respondeu Rui Moreira quando confrontado com acusações de alegados interesses imobiliários estarem na origem da selagem das lojas.

A Câmara do Porto apresentou duas alternativas para o realojamento dos músicos. O Silo Auto, que já tinha sido recusado pelos artistas em Novembro passado, e a escola Pires de Lima. A cerca de 200 metros do Stop, esta escola foi desactivada em 2018 por falta de condições, queixando-se os alunos e professores de infiltrações nas salas de aulas e pisos levantados. O espaço acabou por ser reaberto em 2019 para receber parte dos alunos do Alexandre Herculano, durante a requalificação do liceu, mas o seu encerramento definitivo foi anunciado recentemente.

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