João Moreira Rato deixa presidência da administração do Banco CTT

Antigo presidente da agência estatal que gere a emissão de dívida pública era chairman do banco desde 2019.

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João Moreira Rato, antigo presidente da IGCP, sai agora da presidência não executiva do Banco CTT Enric Vives-Rubio

João Moreira Rato renunciou ao cargo de presidente do conselho de administração (CA) do Banco CTT, a seu pedido e por razões pessoais, estando a decorrer "diligências formais" para a nomeação do seu sucessor, anunciaram esta sexta-feira os CTT. João Bento mantém-se presidente executivo do banco, cargo que ocupa desde 2019, quando sucedeu a Francisco Lacerda.

Em comunicado, "os CTT Correios de Portugal informam que João Moreira Rato, presidente do conselho de administração do Banco CTT, cessa funções no final deste mês de Junho, a seu pedido, e por razões pessoais, na sequência de renúncia ao cargo apresentada em Maio passado".

Os CTT informam ainda que "estão já a decorrer, junto do regulador, as diligências formais conducentes à nomeação de um novo presidente do conselho de administração do Banco CTT".

Os Correios de Portugal "agradecem a dedicação com que João Moreira Rato desempenhou as funções que agora termina", lê-se no comunicado citado pela Lusa.

Em final de Maio, o economista deu uma entrevista à TVI em que defendeu que talvez fosse necessário "interromper a emissão de Certificados de Aforro", com uma taxa de juro máxima de 3,5%, considerando que o Estado conseguia financiar-se a melhores taxas nos mercados internacionais, desde logo sem estar tão dependente de reembolsos antecipados, e que a República não pode estar demasiado dependente de um tipo de instrumento de financiamento.

Moreira Rato, que foi presidente do IGCP (a agência que gere a dívida pública) entre 2012 e 2014, afirmou na entrevista à TVI que não defendia essa posição por ser "chairman" de um banco, mas admitindo que em geral os bancos preferiam que se travassem os Certificados de Aforro.

Actualmente, os CTT são o principal distribuidor dos Certificados de Aforro, que podem ainda ser subscritos no portal digital do IGCP, e na rede pública de Espaços do Cidadão. Contudo, com a nova Série F, o Governo já decidiu a possibilidade de alargamento a outros bancos. Nomeadamente, aos balcões ou nos canais digitais de qualquer instituição financeira ou de pagamentos inscrita no Banco de Portugal e indicadas para o efeito pelo IGCP.

Em 2 de Junho, uma sexta-feira à noite, foi conhecido que o Governo suspendeu a série em curso dos Certificados de Aforro, que dava taxas até 3,5%, e que seria lançada uma nova série, com remuneração mais baixa, o que provocou polémica.

O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, recusou que se tenha tratado de cedências a pressões da banca e, chamado ao Parlamento, disse que a mudança das condições dos Certificados de Aforro estava prevista desde Abril, mas que a complexidade do processo fez demorar semanas a acontecer.

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