FIFA apoia Vinícius Junior e relembra: o racismo “não tem lugar no futebol”

Gianni Infantino diz que os insultos proferidos contra o jogador brasileiro no estádio Mestalla, durante o jogo durante o jogo Valência - Real Madrid, mostram que “a luta contra o racismo é crucial”.

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Nos últimos meses, Vinícius, de 22 anos, tem sido alvo de vários insultos racistas Reuters/PABLO MORANO

A FIFA manifestou-se esta segunda-feira solidária com o brasileiro Vinícius Júnior, que no domingo foi alvo de insultos discriminatórios durante o jogo Valência - Real Madrid, reforçando que o racismo não tem lugar no futebol, nem na sociedade.

“Estamos solidários com Vinícius Júnior. Não há lugar para o racismo no futebol, nem na sociedade. A FIFA apoia todos os jogadores e jogadoras que sejam alvo de manifestações deste teor”, escreveu o presidente da FIFA, Gianni Infantino, numa mensagem publicada nas redes sociais do organismo.

Infantino considerou que os insultos proferidos contra o jogador brasileiro no estádio Mestalla, durante o jogo da 35.ª jornada da Liga espanhola, mostram que “a luta contra o racismo é crucial” e lembrou que a FIFA recomenda uma série de procedimentos na luta contra o fenómeno, que devem ser aplicados em todos os escalões e níveis.

“Numa primeira fase, interrompe-se a partida e pede-se que parem [com os comportamentos discriminatórios]. Num segundo momento, os jogadores abandonam o relvado e anuncia-se que, se os comportamentos continuarem, a partida será suspensa. Depois de a partida ser retomada, e caso os comportamentos se mantenham, deverá ser suspensa e os três pontos serão atribuídos à equipa visitante”, explicou Infantino, acrescentando que estas directrizes devem ser aplicadas em todos os países e competições.

O presidente da FIFA admitiu que “é mais fácil dizer do que fazer”, mas considerou que a luta contra o racismo deve ser incutida desde cedo e só se faz por meio da educação.

A mensagem de apoio da FIFA junta-se a outras recebidas por Vinícius Júnior, entre as quais a do presidente do Brasil, Lula da Silva, que apelou à tomada de “medidas sérias” contra os responsáveis. “Solidarizo-me com Vinícius, um jovem que é sem dúvida o melhor jogador do Real Madrid e que sofre agressões repetidas. Espero que a FIFA e outras entidades tomem medidas para evitar que o racismo tome conta do futebol", disse Lula, no domingo, numa mensagem na rede social Twitter.

Vinícius, que acabou expulso depois de agredir um adversário, mesmo no final do encontro (90+7), que os "merengues" perderam por 1-0, criticou a Liga espanhola e os adeptos com uma mensagem publicada nas redes sociais.“Não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. O racismo é normal na LaLiga. A competição acha que é normal, a federação acha que é normal e os adversários encorajam-no. Lamento-o. O campeonato, que já pertenceu a Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje pertence aos racistas", escreveu o futebolista no Twitter.

O presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, reagiu e pediu ao futebolista que não se deixe “manipular”: “Antes de criticar e insultar a LaLiga, tens de te informar bem, Vinícius (...) Não te deixes manipular e certifica-te de que compreendes as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos”.

Entretanto, o treinador do Real Madrid, Carlo Ancelotti, disse estar “triste” com a “reacção racista” dos adeptos do Valência em relação a Vinícius, classificando-a como um “problema muito grave e inaceitável” no futebol espanhol, para o qual pediu medidas enérgicas. A LaLiga solicitou todas as imagens disponíveis para abrir uma investigação.

Real Madrid apresenta queixa

O Real Madrid apresentou esta segunda-feira uma queixa na Procuradoria-Geral "por delitos de ódio e discriminação" para com o futebolista internacional brasileiro Vinícius Júnior, após os incidentes no domingo, em Valência, anunciou o clube.

"O Real Madrid considera que tais ataques também constituem um crime de ódio, razão pela qual apresentou a correspondente denúncia à Procuradoria-Geral do Estado, mais especificamente à Procuradoria contra crimes de ódio e discriminação, para que os factos sejam investigados e as responsabilidades apuradas", refere o clube na sua página oficial.

"O Real Madrid manifesta o seu mais veemente repúdio e condena os acontecimentos verificados ontem contra o nosso jogador Vinícius Júnior. Esses factos constituem um ataque directo ao modelo de convivência do nosso Estado social e democrático de direito", sublinha também o clube.

As reacções à denúncia de "Vini" têm ecoado durante a manhã e já hoje também a Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE) e o Movimento contra a Intolerância apresentaram queixa junto da Procuradoria, na mesma linha do que fez o clube.

Nos últimos meses, Vinícius, de 22 anos, tem sido alvo de vários insultos racistas e, no final de Janeiro, o jogador foi o protagonista de um episódio que levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a enviar uma carta às entidades que regem o futebol (FIFA, UEFA e CONMEBOL), medidas concretas para punir os comportamentos racistas e aumentar a consciencialização sobre o tema.

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