Professores anunciam novos protestos: uma “caravana” vai percorrer a EN2

“Vamos percorrer, pela EN2, todas as localidades, com contactos com a população, plenários nas escolas, levando até Faro esta luta”, disse o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.

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O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, durante uma concentração na Praça do Rossio JOSÉ SENA GOULÃO/ LUSA
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A plataforma sindical de nove organizações anunciou esta sexta-feira um novo calendário de protestos: na agenda está uma "caravana de professores" que vai percorrer a Estrada Nacional 2 (EN2), de Chaves a Faro, a partir do dia 22 deste mês e durante sete dias, além da já anunciada greve nacional no próximo dia 6 de Junho, que contará também com duas manifestações, uma no Porto e a outra em Lisboa. Cerca de uma centena de docentes concentraram-se esta sexta-feira na Praça do Rossio, em Lisboa, para assinalar o último dia de greves distritais.

De acordo com as contas da plataforma sindical (integrada pelas federações nacionais dos Professores – Fenprof – e da Educação – FNE –, com maior representatividade no sector), a paralisação que durante 18 dias percorreu o país teve uma adesão na ordem dos 80%.

Apesar de terminada a greve, que replicou uma iniciativa das mesmas organizações no início do ano, os protestos vão continuar e os professores recusam a “pacificação nas escolas” – pedida pelo ministro da Educação na quarta-feira, em Abrantes (Santarém), à margem da inauguração das obras de requalificação de duas escolas – sem que haja lugar a um acordo para a recuperação total do tempo de serviço congelado e o fim do limite de vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões da carreira.

"Vamos percorrer, pela EN2, todas as localidades, com contactos com a população, plenários nas escolas, levando até Faro esta luta”, disse o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em declarações aos jornalistas, no final da concentração.

Do calendário de protestos constam ainda uma concentração no Peso da Régua (Vila Real), a 10 de Junho, dia em que aquela cidade vai receber as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas; greves às avaliações e exames no final do ano lectivo; assim como uma manifestação a 1 de Agosto nas Jornadas Mundiais da Juventude. "Não fazemos a luta pela luta, não temos um calendário porque tem de ser. Temos acções e lutas porque é a forma de pressionarmos o poder a dar resposta aos problemas", sublinhou Mário Nogueira. "Queremos que não seja necessário continuarmos as lutas."

O dirigente sindical garantiu que a luta não vai arrefecer com as férias escolares, caso o Governo não satisfaça as exigências do sector, e, se assim se justificar, os sindicatos não afastam a possibilidade de novas contestações no próximo ano lectivo. “Mais depressa cai o ministro do que os professores desistem”, reiterou.

“Se nós tivermos de chegar às avaliações finais e aos exames e fazer greve, o senhor ministro da Educação deve ponderar se tem condições políticas para continuar, porque tem a obrigação para encontrar, até lá uma saída para esta situação”, disse Mário Nogueira em relação à reivindicação para que todo o tempo de serviço seja recuperado (seis anos, seis meses e 23 dias).

O Ministério da Educação e os sindicatos do sector voltam a reunir-se na segunda-feira para a negociação suplementar das medidas propostas pelo executivo com o objectivo de corrigir assimetrias decorrentes do congelamento da carreira docente.

Quanto à primeira negociação com o Governo, da qual decorreu a aprovação do novo regime de recrutamento e gestão de professores, cujo diploma foi promulgado na segunda-feira, o dirigente da Fenprof sublinhou que um dos objectivos da luta dos professores passa agora também pela revisão desse documento, que não satisfaz a classe. E foram deixadas críticas a Marcelo Rebelo de Sousa: "se o senhor Presidente da República não tivesse retido o diploma durante um mês e, mal o recebeu, o tivesse enviado para trás para voltar à mesa de negociação, havia tempo para ainda corrigir aspectos e para fazer um concurso extraordinário de vinculação", disse Mário Nogueira.

Além da Fenprof e da FNE, integram a plataforma a Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL),a Pró-Ordem dos Professores (PRÓ-ORDEM), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).

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