Sismo. Turquia identificou mais de cem suspeitos ligados à construção civil

O balanço mais recente aponta para mais de 36 mil mortos na Turquia e na Síria na sequência dos sismos que ocorreram há uma semana.

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As operações de resgate continuam em Kahramanmaras EPA/TOLGA BOZOGLU

Uma semana depois dos sismos que atingiram a Turquia e a Síria, causando mais de 36 mil mortos, segundo o balanço mais recente, as equipas de resgate ainda estão a conseguir encontrar sobreviventes no meio de escombros. As autoridades turcas iniciaram os inquéritos para apurar responsabilidades pela fragilidade estrutural dos edifícios.

Uma mulher de 40 anos foi resgatada com vida, esta segunda-feira, no meio das ruínas de um edifício numa localidade na província de Gaziantep, uma das mais afectadas pelo sismo, ao fim de mais de 170 horas depois dos abalos sentidos na região, segundo a CNN turca.

Em Hatay, um pai e a filha foram também salvos ao fim de uma semana, segundo a Al-Jazeera, que documentou a operação. Uma equipa de salvamento está em contacto com três sobreviventes – uma avó, mãe e um bebé com um mês – que estão presos por baixo dos escombros de um edifício na cidade de Kahramanmaras, diz a CNN.

No entanto, cenas de salvamentos bem-sucedidos devem começar a ser cada vez mais escassas com o passar do tempo. Em alguns casos, familiares de pessoas presas entre os escombros já perderam a esperanças de os reencontrar vivos.

A irmã de Erdem Avsaroglu, o cunhado e os dois filhos estão debaixo das ruínas do prédio onde viviam em Antakya há uma semana. Avsaroglu ainda conseguiu comunicar com eles durante o primeiro dia após o sismo, mas depois de um incêndio deixou de conseguir ouvir os familiares, conta à Al-Jazeera. “Estamos já no sétimo dia, toda a gente está cansada, só queremos encontrar os corpos inteiros. Mas não conseguimos encontrar nada, provavelmente estão todos queimados”, diz.

O impacto dos dois sismos – de magnitudes 7,8 e 7,6 na escala de Richter – tem motivado várias interrogações acerca da qualidade das construções na Turquia, um país cujo território inclui várias falhas geológicas que o tornam especialmente vulnerável a fenómenos deste tipo.

As autoridades turcas já abriram inquéritos para apurar responsabilidades no licenciamento e construção de edifícios nas regiões afectadas. Foram identificados 131 suspeitos de terem algum tipo de responsabilidade pela fragilidade das construções, revelou o vice-Presidente Fuat Oktay.

“Iremos dar seguimento a isto de forma meticulosa até que o necessário processo judicial seja concluído, especialmente para edifícios que sofreram danos pesados e edifícios que causaram mortes e ferimentos”, afirmou, citado pela Reuters.

O balanço das autoridades de protecção civil turca a meio desta segunda-feira era de 31.643 mortos no país, a que se junta um cálculo muito superficial que aponta para mais de 4500 vítimas mortais no Noroeste da Síria, uma região que em grande parte é controlada pelos rebeldes que se opõem ao regime de Bashar al-Assad e que já tinha sido assolada por mais de uma década de guerra civil.

A situação humanitária na Síria é extremamente preocupante. Segundo as Nações Unidas, mais de 5,3 milhões de pessoas estão desalojadas e tem sido difícil fazer chegar a ajuda necessária às regiões controladas pelos rebeldes. Os EUA têm pressionado o Governo sírio a permitir a entrada de camiões com ajuda humanitária nas regiões controladas pelas forças opositoras.

Na Síria, a fase de resgate está “prestes a terminar”, disse esta segunda-feira o director da agência de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths, sublinhando que os esforços a partir de agora devem priorizar o apoio básico aos sobreviventes e às pessoas desalojadas.

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