PS responde a Marcelo e diz ter condições para “assegurar a estabilidade política”

PSD, Chega e Iniciativa Liberal divergiram na leitura da mensagem de Ano Novo do Presidente da República.

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João Torres disse haver "convergência plena" entre o PS e a mensagem presidencial LUSA/RODRIGO ANTUNES

O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, afirmou, numa resposta aos alertas do Presidente da República na mensagem de Ano Novo, que o partido “tem todas as condições para continuar a assegurar a estabilidade política”. A direita, por seu turno, mostrou divergir entre si: o PSD partilhou o aviso de Marcelo Rebelo de Sousa ao Governo e desafiou António Costa a “pôr ordem” no executivo, o Chega pediu um “alerta vermelho” e a Iniciativa Liberal concordou com o diagnóstico do Presidente mas queria que fosse mais "exigente" com o Governo.

João Torres preferiu assinalar as convergências entre o PS e a mensagem do Presidente da República no que toca ao “realismo” na leitura do contexto europeu e na ideia de que Portugal esteve melhor do que outros países no crescimento económico. Quanto à estabilidade política, tendo Marcelo avisado o Governo sobre risco de “erros”, “inacção” ou "descolagem da realidade", o número dois de António Costa no PS não respondeu na mesma moeda e falou até em "convergência plena" com o Presidente. Argumentou que “o PS esteve sempre do lado da estabilidade política” e que “não foi pelo PS que não foi possível chegar a entendimento com os demais partidos” em 2021 sobre o Orçamento do Estado para 2022.

“Partilhamos mesmo com o senhor Presidente da República aquela que é a sua ambição para o ano de 2023 na prossecução da execução dos fundos europeus, em particular o Plano de Recuperação e Resiliência, de acordo com o calendário estabelecido”, disse, ignorando o tom de exigência que marcou a mensagem presidencial.

Na oposição à direita, o PSD mostrou estar alinhado com Marcelo. O presidente do congresso do PSD e líder do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, defendeu que é preciso que o “primeiro-ministro ponha ordem no Governo”, que o "ponha a funcionar em termos orgânicos, como lembrou o Presidente da República”, para que o executivo “enfrente os problemas reais do país”.

Em declarações feitas a partir do Funchal, e transmitidas pela RTP3, Miguel Albuquerque assinalou que a crise política “não radica na oposição nem no Presidente da República” mas apenas “nas barafundas do Governo”, referindo que há “guerras entre ministros” e que o executivo é um “corpo político em decomposição”.

Para o líder do Chega, André Ventura, o Presidente não deu um “alerta vermelho” ao Governo e “falhou ao não exigir responsabilidades políticas ao executivo”. “O ano de 2023 será decisivo: mas como? Que responsabilidade exigirá? Foi isto que falhou”, disse num vídeo enviado às redacções.

O líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, também exigiu que o Presidente fosse “mais criterioso e exigente” com o Governo. Mas o dirigente do partido que apresentou uma moção de censura ao executivo, a ser discutida na próxima semana no Parlamento, assumiu subscrever o diagnóstico traçado pelo chefe de Estado sobre o país, embora saliente que faltou uma referência ao “colapso” nos serviços públicos, em particular na Saúde.

À esquerda do PS, tanto PCP como BE preferiram condenar as escolhas políticas do Governo que consideram traduzir-se num ataque aos rendimentos. O comunista Jorge Cordeiro considerou que a “instabilidade” poderá acontecer “independentemente da expressão institucional da estabilidade”. Já José Gusmão, do BE, apontou a “turbulência” e os “casos de falta de transparência” que têm envolvido o Governo.

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