PJ detém mãe de Jessica, morta por causa de dívida que afinal seria de droga

Também foi detido o filho do casal que já estava em prisão preventiva por suspeita do homicídio.

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Mãe de Jéssica foi detida esta quinta-feira pela Polícia Judiciária Daniel Rocha

A mãe de Jéssica, a criança morta em Setúbal em Junho passado, foi detida nesta quinta-feira pela Polícia Judiciária, noticiou a CNN Portugal e confirmou o PÚBLICO junto de fonte policial. A menina de três anos terá sido agredida com violência na cabeça pela mulher a quem a sua mãe, de 37 anos, recorreu para lhe fazer rezas destinadas a melhorar o relacionamento com o companheiro.

De acordo com fonte da PJ, a progenitora foi detida por suspeitas de ter permitido a exposição da criança a uma situação de perigo, sendo por isso, nesse contexto, suspeita do crime de homicídio qualificado em co-autoria. Perícias forenses cujo resultado foi conhecido recentemente levaram à detenção.

De acordo com um comunicado que a PJ enviou na manhã desta quinta-feira, foi ainda detido um homem de 28 anos, filho do casal de alegados raptores, por tráfico de droga. O casal e uma filha sua já se encontravam em prisão preventiva desde o Verão, indiciados pelo homicídio qualificado da menor, que não resistiu à tortura que terá ocorrido como alegada vingança devido a uma dívida que a mãe tinha com eles.

A progenitora e o filho do casal foram apresentados a um juiz de instrução criminal que irá decidir as medidas de coacção a que ficarão sujeitos enquanto esperam pelo desenrolar do restante inquérito e pelo julgamento.

“A Polícia Judiciária, através do Departamento de Investigação Criminal de Setúbal, no cumprimento de mandados de detenção emitidos pela autoridade judiciária competente – DIAP de Setúbal, deteve, fora de flagrante delito, duas pessoas suspeitas de estarem relacionadas com a morte de uma criança de três anos de idade, ocorrida no passado mês de Junho, na cidade de Setúbal, quando se encontrava aos cuidados da sua suposta ‘ama’”, diz a Judiciária em comunicado.

Segundo a mãe da menina disse às autoridades, teria pago a esta mulher um valor combinado para que lhe prestasse serviços de bruxaria. Mas, como a suspeita queria mais dinheiro, tentou convencê-la de que eram necessárias mais sessões além da primeira. Como a mãe da criança não pagava, convenceu-a a ir a sua casa no passado dia 15 de Junho, para falarem. E ter-lhe-á dito que levasse consigo Jéssica, porque tinha uma neta também com três anos e assim podiam brincar juntas um bocado. Também lhe pediu roupa para a neta.

Nesse dia, abriu a porta de casa a mãe e filha. Mas, enquanto a criança entrava, barrou a passagem à progenitora, que deixou à porta: se não lhe entregasse várias centenas de euros, não voltava a ver a filha tão cedo. “Se fores à polícia, a tua filha é que vai pagar”, ter-lhe-á dito.

Os juros da suposta dívida iam aumentando à medida que passavam os dias. A mãe foi-se embora para casa e não terá contado nada a ninguém, nem ao companheiro, atemorizada com o que podia suceder a Jéssica, segundo fonte da Judiciária. Durante os telefonemas que ia recebendo da sequestradora a pressioná-la para arranjar o dinheiro, ouvia gritos infantis em ruído de fundo. Seriam da filha ou da outra criança? Não conseguia perceber. Porém, como explicar que tenha sido vista num espectáculo itinerante que a TVI fez em Setúbal no domingo, já com a menina em cativeiro há quatro dias?

Nunca pagou o valor que lhe exigiam, um pouco menos de mil euros. Ao quinto dia, novo telefonema: queriam devolver-lhe a filha. Jéssica tinha sido vestida de forma a encobrir os maus tratos. Disseram-lhe que a filha dormia – quando, na realidade, estava desfalecida. Porém, recentemente a Judiciária concluiu que afinal a dívida não seria de serviços de bruxaria, mas sim de fornecimento de droga: o homem agora detido fornecer-lhe ia estupefacientes. A progenitora terá inventado a história da bruxaria numa tentativa de diminuir as suas responsabilidades.

A acusação contra todos os suspeitos será deduzida até ao Natal, altura em que passam seis meses sobre as primeiras detenções e termina o prazo máximo para o Ministério Público concluir este inquérito.

Notícia actualizada às 22h com informações sobre as suspeitas relacionadas com estupefacientes.

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