Mercados financeiros mais calmos com eleição de Rishi Sunak

Bolsa de Londres valoriza e libra sobe face ao dólar, apesar de a conjuntura económica que espera o ex-ministro das Finanças ser negativa.

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Rishi Sunak , uma homem das "finanças" agora na liderança do Partido Conservador Reuters/HANNAH MCKAY

Ainda não foi confirmado primeiro-ministro do Reino Unido pelo rei Carlos III, o que deve acontecer nas próximas horas, mas os mercados financeiros já estão a dar sinais de alguma calma. A eleição de Rishi Sunak para a liderança do Partido Conservador britânico está na origem de uma recuperação dos principais índices da bolsa de Londres e de alguma descida nos juros da dívida, com a libra, depois de um primeiro momento de impasse, a seguir em terreno positivo face ao dólar.

A libra já perdeu 17% em valor este ano, em relação ao dólar, e 4% em relação ao euro.

Após a confirmação do ex-ministro das Finanças na liderança do partido, o índice da praça londrina que agrega as maiores cotadas, o FTSE 100, valorizou 0,6%; e o FTSE 250 subiu 1,3%. O ouro, considerado investimento de refúgio em períodos de turbulência, como os que se viveram nas últimas semanas, recuou ligeiramente. Os principais índices bolsistas europeus encerraram em forte alta, como o francês CAC e o alemão DAX, que encerraram a subir 1,5%, e o Euro Stock 600 a ganhar 1,6%. O português PSI fechou com ganhos de 1,3%.

As primeiras palavras de Sunak aos Conservadores terão sido no sentido de que a primeira prioridade é “garantir a estabilidade económica”, segundo fonte do Partido Conservador. Mas alguns analistas ouvidos pela Reuters defendem que “o próximo Governo britânico ainda tem muito trabalho a fazer antes que os investidores se sintam seguros para voltar ao Reino Unido”.

Paul Donovan, economista-chefe da UBS Wealth Management, defende mesmo que, depois do “caos do mês passado”, Sunak “não terá quase nenhuma margem de manobra para tomar decisões ousadas, para não arriscar a ira do mercado”. A BlackRock, maior gestora de activos do mundo, admite que “as percepções de credibilidade fiscal melhoraram, embora não totalmente”.

O contexto económico não o ajudará, dados os riscos de recessão na Europa e no próprio Reino Unido. Esta segunda-feira, os dados do Inquérito aos Gestores de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Reino Unido confirmaram que o sector de serviços registou uma contracção (abaixo da marca de 50), à semelhança do que já tinha acontecido na indústria.

Influenciados pela clarificação política no Reino Unido, mas essencialmente pela expectativa de que a Reserva Federal (Fed ) norte-americana pode abrandar a subida de taxas de juro, Wall Street abriu positiva, com o Nasdaq e o S&P 500 e o Dow Jones a valorizarem mais de 2% pouco depois do arranque.

A evolução dos preços do petróleo mostra esta segunda-feira os receios face a outras variáveis, designadamente o que poderá vir de um Xi Jinping com poderes reforçados. O receio de que o crescimento económico possa ser sacrificado por políticas orientadas por prioridades ideológicas ou militares gerou quedas no crude em Nova Iorque e no Brent em Londres (este último referência para a Europa), e em várias empresas com exposição à China ou a Hong Kong. Foi o caso da holandesa Prosus, que caiu 17,3%, acompanhando a desvalorização do sector tecnológico em Hong Kong, mas também da seguradora Prudential (-9,3%) e de alguns bancos.​

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