Regresso à estabilidade nos preços demorará “algum tempo”, avisa a Fed

Jerome Powell garante que a Reserva Federal dos Estados Unidos fará uma “utilização vigorosa” dos instrumentos de política monetária para controlar a inflação.

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Jerome Powell (à direita), nesta sexta-feira no Teton National Park, próximo da conferência de Jackson Hole Reuters/JIM URQUHART

O presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), Jerome Powell, avisa que o regresso das economias a um cenário de estabilidade nos preços ainda “levará algum tempo” até ser uma realidade.

No discurso de abertura do simpósio anual de Jackson Hole, organizado pela Reserva Federal do Kansas no estado de Wyoming, Powell reafirmou nesta sexta-feira que o actual cenário de inflação elevada na economia norte-americana “requer a utilização vigorosa” dos instrumentos de política monetária da Fed para “equilibrar melhor a procura e a oferta”.

Com uma taxa de inflação superior a 9% em Junho, a autoridade monetária voltou a agravar as taxas de juro em mais 0,75 pontos percentuais, uma subida igual à que aplicara naquele mês. A inflação foi mais baixa em Julho, mas continuou num nível historicamente elevado, de 8,5%.

Jerome Powell afirma que a Fed irá continuar o trabalho de redução das pressões inflacionistas até esse objectivo ser atingido.

A Reserva Federal, disse, está a tomar “medidas enérgicas e rápidas para moderar a procura” de modo a que esta fique alinhada com a oferta e, ao mesmo tempo, para “manter as expectativas de inflação ancoradas”. E garantiu: “Vamos continuar a fazê-lo até estarmos confiantes de que esse trabalho está feito”.

“Quanto mais tempo durar o actual surto de inflação elevada, maior será a probabilidade de se enraizarem as expectativas de existir uma inflação mais elevada”, afirmou.

O foco principal do comité federal do mercado aberto da instituição, disse, passa por colocar a taxa de inflação de novo na meta dos 2%. “Sem estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém. Em particular, sem a estabilidade de preços não alcançaremos, durante um período sustentado, um mercado de trabalho com condições fortes para que todos beneficiem”, afirmou. Os impactos da inflação recaem de forma mais pesada sobre aqueles que “são menos capazes de os suportar”.

“A economia dos EUA está claramente a abrandar em relação às taxas de crescimento historicamente elevadas de 2021, que reflectiram a reabertura da economia após a recessão pandémica. Embora os últimos dados económicos tenham sido díspares, na minha opinião, a nossa economia continua a dar sinal de um forte impulso subjacente. O mercado de trabalho é particularmente forte, mas está claramente desequilibrado, com a procura de trabalhadores a exceder substancialmente a oferta de trabalhadores disponíveis”, referiu.

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