Fed volta a subir taxa de juro em 0,75 pontos percentuais

Reserva Federal norte-americana cumpriu as expectativas e subiu as suas taxas de juro em mais 0,75 pontos percentuais. A determinação em controlar a inflação continua a superar os receios de uma recessão, deixou claro o presidente da autoridade monetária

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Reuters/ANDREW KELLY

Sem surpresa, tendo em conta aquilo que já vinha sendo dito pelos seus responsáveis e o facto de a taxa de inflação nos EUA estar neste momento acima dos 9%, a Reserva Federal norte-americana (Fed) voltou esta quarta-feira a subir as suas taxas de juro de referência em 0,75 pontos percentuais. Em Setembro, sinalizou o presidente da instituição, o combate à inflação nos EUA deverá continuar.

Cumprindo aquelas que eram as expectativas generalizadas de analistas e investidores, a taxa de juro a que a autoridade monetária norte-americana injecta liquidez no mercado passou de um intervalo situado entre 1,5% e 1,75% para um intervalo situado entre 2,25% e 2,5%.

A subida de 0,75 pontos percentuais decidida esta quarta-feira tem a mesma dimensão da efectuada em Junho e que tinha sido, na altura, a subida de taxas mais brusca realizada pela Fed desde 1994.

A Reserva Federal alertando no seu comunicado que “a inflação permanece elevada, reflectindo desequilíbrios na oferta e na procura relacionados com a pandemia, com os preços mais altos dos alimentos e dos combustíveis e pressões mais generalizadas sobre os preços” não abrandou o ritmo a que está a restringir a sua política monetária.

De uma taxa de juro praticamente nula no início deste ano, a Fed já passou, no espaço de cinco meses, para uma taxa de juro de 2,5%, dando sinais claros de que não ficará por aqui. Em Setembro, tudo indica, uma nova subida de taxas, tão ou quase tão agressiva como as duas últimas poderá ocorrer.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão, o presidente da Fed afirmou que outra “incommumente grande” subida das taxas de juro pode ser apropriada no final da reunião agendada para Setembro. A dimensão exacta da subida, afirmou Jerome Powell, será contudo determinada pelos dados económicos que vierem a ser conhecidos entretanto.

Para além da resposta que a inflação começará a dar às medidas tomadas, a velocidade a que a Fed continuará a subir as taxas de juro irá depender da avaliação que for feita relativamente à capacidade da economia para suportar uma escalada do custo do dinheiro sem cair numa recessão profunda.

No comunicado em que anunciou as decisões desta quarta-feira, a Fed reconhece que “os indicadores recentes de consumo e de produção suavizaram”, um sinal de que os seus responsáveis começam a ver a economia a ressentir-se com a forma agressiva com que as taxas de juro estão a subir.

No entanto, na conferência de imprensa Jerome Powell fez questão de deixar claro que, neste momento, as preocupações com a inflação superam largamente qualquer receio relativamente a uma recessão. O presidente da Fed destacou a “resiliência” da economia e assinalou que o crescimento do emprego continua a ser “robusto, salientando que “o essencial é trazer a inflação para baixo”. “Nós temos a determinação para fazer isso”, disse.

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