Novo Banco quase duplica lucros do primeiro semestre para 266,7 milhões

As receitas obtidas com a venda de um portefólio de imóveis, a redução das imparidades e o crescimento das comissões explicam o aumento dos lucros do Novo Banco no primeiro semestre deste ano.

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Esta é a última prestação de contas assinada por António Ramalho, que deixou o cargo de presidente executivo do Novo Banco. LUSA/RODRIGO ANTUNES

O Novo Banco fechou o primeiro semestre de 2022 com um lucro de 266,7 milhões de euros, um aumento de 93,7% face a igual período do ano passado, que fica a dever-se, sobretudo, às receitas obtidas com a venda de um portefólio de imóveis, à redução das imparidades e ao crescimento das comissões.

A instituição prolonga, assim, a série de resultados positivos que tem vindo a acumular desde o primeiro trimestre do ano passado, mas continua à espera de receber uma nova injecção por parte do Fundo de Resolução, no valor de 209 milhões de euros, relativa ao exercício de 2021, ano em que também reportou lucros.

Os resultados foram divulgados esta segunda-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “O Novo Banco apresenta um resultado líquido de 266,7 milhões de euros”, nota o banco, destacando o “sólido desempenho do negócio, com incremento da rentabilidade, apesar do actual contexto macroeconómico caracterizado por pressões inflacionistas e consequente volatilidade das taxas de juro”.

A análise aos resultados da instituição mostra, contudo, uma deterioração do lado da receita. A margem financeira totalizou 268 milhões de euros, uma queda superior a 7% face a igual período do ano passado, que reflecte “a evolução estável da taxa média do crédito a clientes e o efeito das emissões de dívida sénior no quarto trimestre de 2021 e das taxas de juro negativas das aplicações do mercado monetário”. Já o produto bancário comercial ascendeu a 412,4 milhões de euros, uma queda de 2,9% em relação ao ano passado.

Apesar deste contexto, uma operação de venda de imobiliário permitiu, em grande parte, que os resultados tenham evoluído positivamente. Em causa estão ganhos de 77,1 milhões de euros obtidos com a venda de um portefólio de imóveis do segmento de logística, que levaram a que as receitas alcançadas na rubrica de outros resultados de exploração tenham totalizado 73,2 milhões de euros.

A isto, somam-se as receitas obtidas com as comissões de serviços a clientes, que totalizaram 144,4 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, um aumento de 6,5% em relação ao ano passado.

Tudo somado, o produto bancário total fixou-se em 571,5 milhões de euros, valor que corresponde a um crescimento de 16,9% face ao primeiro semestre do ano passado.

A contribuir para o aumento dos lucros do Novo Banco esteve, ainda, a redução acentuada das imparidades e provisões para créditos e outros activos, de 89,2 milhões no primeiro semestre de 2021 para 19,8 milhões de euros no conjunto dos primeiros seis meses deste ano.

Do lado da actividade comercial também se registaram melhorias. A carteira de crédito a clientes (em termos brutos) fixou-se em 25.541 milhões de euros no primeiro semestre, um aumento de 2,4% em relação ao ano passado, que fica a dever-se ao crescimento superior a 4% da carteira de crédito a empresas, já que o crédito a particulares aumentou apenas 0,8%. Ainda no que diz respeito ao crédito, o Novo Banco reduziu o rácio de crédito malparado de 7,3% em Junho do ano passado para 5,4% no mesmo mês deste ano.

Já os recursos totais do banco ascendiam a 34.575 milhões de euros no primeiro semestre, mais 5,3% do que em igual período do ano passado.

Banco à espera de 209 milhões

No que diz respeito à solidez do banco, o principal indicador (rácio common equity tier 1) melhorou de 9,7% em Junho do ano passado para 11,2% no final de Junho deste ano, um resultado que, na perspectiva do Novo Banco, “evidencia a capacidade de criação de capital do modelo de negócio” da instituição e que, “juntamente com medidas específicas, asseguram o cumprimento antecipado dos requisitos de capital pós-pandemia”. O banco continua, ainda assim, a aguardar pela aprovação do último pedido de injecção feito ao Fundo de Resolução, relativo ao exercício de 2021.

“O Novo Banco tem o seu rácio de common equity tier 1 protegido em níveis predeterminados até aos montantes das perdas já verificadas nos activos protegidos pelo Mecanismo de Capitalização Contingente. O montante de compensação solicitado com referência a 2021, no montante de 209,2 milhões de euros (valor não considerado no cálculo de capital regulamentar com referência a 31 de Dezembro de 2021), teve em conta as perdas incorridas nos activos cobertos pelo Mecanismo de Capitalização Contingente, bem como as condições mínimas de capital aplicáveis no final do mesmo ano ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente”, pode ler-se no relatório de resultados.

O banco mantém, ainda, duas divergências com o Fundo de Resolução: uma relativa à provisão para operações descontinuadas em Espanha; a outra relativa à valorização de unidades de participação. Estas disputas, que estão em tribunal, têm em causa valores globais de 165 milhões de euros, que o Novo Banco considera serem devidos ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente, estando a “espoletar os mecanismos legais e contratuais à sua disposição no sentido de assegurar o recebimento dos mesmos”.

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