Depois de Brasil e Espanha, Índia confirma primeira morte por varíola-dos-macacos

O actual surto fora de países onde o vírus da varíola-dos-macacos está habitualmente presente já vitimou quatro pessoas. São as primeiras mortes registadas por este vírus fora do continente africano.

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É a nona morte este ano devido a varíola-dos-macacos, sendo a quarta fora de países africanos DADO RUVIC/REUTERS

A Índia confirmou esta segunda-feira a primeira vítima mortal de varíola-dos-macacos no seu território. Esta é a quarta morte registada em países em que o vírus não está habitualmente presente, depois das duas pessoas terem morrido em Espanha e uma no Brasil.

O jovem de 22 anos, que tinha testado positivo nos Emirados Árabes Unidos antes de regressar à Índia, morreu este sábado, indica a agência Reuters. Não foram detalhadas mais informações sobre a morte, que é a primeira no continente asiático.

Em países em que o vírus está habitualmente presente, como Gana, Nigéria ou República Democrática do Congo, houve cinco mortes associadas a este vírus desde o início do ano, indica a Organização Mundial da Saúde (OMS). No total são nove as mortes associadas à varíola-dos-macacos.

Os países africanos têm, no entanto, muito menos casos identificados (344) do que países europeus ou americanos. Para África, os dados mais recentes sobre a doença mostram um aumento de casos desde Abril de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021, com mais de dois mil casos cumulativos de varíola, mas a maioria não foi confirmada com testes laboratoriais, como aponta a OMS.

De acordo com os Centros de Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), existem mais de 22 mil casos confirmados desde o início do surto de varíola-dos-macacos (monkeypox, ou VMPX), a 7 de Maio deste ano, no Reino Unido.

De acordo com as autoridades locais de saúde, a morte das duas vítimas espanholas resultou de encefalite associada à infecção por VMPX. A encefalite é uma doença rara que causa uma inflamação do cérebro, comummente causada por infecções virais. As duas vítimas estão agora a ser investigadas, para determinar se esta é a única causa de morte e se a encefalite está directamente associada à infecção por VMPX.

A primeira vítima fora de África, que tinha sido confirmada na última sexta-feira, foi um homem brasileiro de 41 anos, com um linfoma e baixa imunidade. Todos os três países onde foram registadas mortes - Espanha, Brasil e agora a Índia - nunca tinham tido qualquer caso de varíola-dos-macacos antes do actual surto.

Ao longo das últimas décadas, os casos confirmados têm aumentado no continente africano, onde o vírus tem maior incidência, mas também no resto do mundo. Até aos anos 2000, apenas países africanos tinham confirmado casos de VMPX. Em 2003, houve 47 casos nos Estados Unidos, o primeiro surto fora do continente africano. Na República Democrática do Congo houve um aumento de casos, passando de 511 (na década de 90) para 10.027 (na primeira década do século XXI). Entre 2010 e 2019, a nível mundial, foram registados cerca de 20 mil casos (quase todos na República Democrática do Congo).

A Europa é, à data desta segunda-feira, a região mais afectada pela disseminação do vírus: 70% dos casos confirmados estão registados neste continente. Portugal, apesar de continuar no pódio dos países com mais casos por milhão de habitantes na União Europeia, diminuiu o número de novos infectados na última semana. Na última quinta-feira, já tinham sido confirmados 633 infectados em território português ao longo dos últimos três meses.

Apesar da tendência decrescente em Portugal, o mesmo não se replica noutros países. Só durante o mês de Julho foram confirmados mais de 17 mil casos de VMPX em todo o mundo: só na última semana registaram-se mais de cinco mil infecções.

É comum nesta doença o desenvolvimento de erupções cutâneas, normalmente na cara, espalhando-se depois para outras partes do corpo. Os primeiros sintomas podem incluir arrepios, febre, dores de cabeça, dores musculares, inchaço dos nódulos linfáticos e cansaço extremo. A maioria dos sintomas da doença é leve e desaparece espontaneamente duas a três semanas após a infecção.

Perante sintomas suspeitos, a Direcção-Geral da Saúde recomenda procurar aconselhamento clínico, através da linha SNS24 (808 24 24 24) e o doente deve evitar contactos físico com outras pessoas até ser observado.

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