Covid-19: linhagem BA.5 da variante Ómicron já é dominante em Portugal

No próximo dia 22, esta linhagem deve ser responsável por 80% das novas infecções. Não há provas de que provoque uma forma mais grave de covid-19

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O vírus que provoca a covid-19 tem diferentes linhagens, com prevalência diferentes ao longo do tempo Nelson Garrido

A linhagem BA.5 da variante Ómicron tem apresentado uma frequência relativa “marcadamente crescente”, estimando-se que já seja dominante em Portugal, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa).

“Após a sua primeira detecção na semana 13 (28 de Março a 3 de Abril), a linhagem BA.5 tem apresentado uma frequência relativa marcadamente crescente, estimando-se que já seja dominante em Portugal (frequência relativa estimada de 63,6% ao dia 15 de Maio)”, salienta-se no relatório sobre a diversidade genética do coronavírus SARS-CoV-2 em Portugal.

No último relatório do Insa foi projectada a tendência de crescimento a 15 dias da linhagem BA.5 em Portugal, e os dados obtidos desde então têm tido uma grande sobreposição com a projecção, consolidando que a linhagem BA.5 poderá atingir uma frequência relativa de 80% a 22 de Maio.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já admitiu que essa linhagem, que apresenta várias características genéticas consideradas de interesse pelos especialistas, caso de mutações com impacto na entrada do coronavírus nas células, pode ser mais transmissível do que a BA.2, mas ressalvou que ainda não existem dados que comprovem que provoca covid-19 mais grave.

Segundo o INSA, a linhagem BA.2 apresenta uma tendência decrescente na sua frequência relativa, estimando-se que representasse 36,4% das amostras positivas a 15 de Maio.

Diferentes linhagens a circular

“Recentemente, foi detectada e tem vindo a ser monitorizada uma sublinhagem da BA.2 (BA.2.35) caracterizada pela mutação adicional L452R na proteína Spike, que desde a sua detecção a 1 de Março tem apresentado em termos globais uma frequência relativa com tendência crescente, representando 3,4% das sequências analisadas na semana de 2 a 8 de Maio (dados em apuramento)”, adiantou.

A sublinhagem BA.2.12.1 foi detectada consecutivamente nas últimas duas amostragens aleatórias por sequenciação entre os dias 25 de Abril e 8 de Maio, e em três das sete regiões, sugerindo um aumento da sua circulação em Portugal.

“Esta linhagem tem suscitado interesse internacional pois caracteriza-se pela mutação adicional L452Q na proteína Spike e tem apresentado um considerável aumento de circulação em alguns países, nomeadamente nos Estados Unidos da América”, indicou o INSA.

Segundo o INSA, a frequência relativa da linhagem BA.1 atingiu um máximo na semana de 10 a 16 de Janeiro (95,6%) altura em que iniciou uma tendência decrescente. Estima-se que a sua circulação seja residual actualmente, tendo sido detectada uma frequência inferior a 1% desde a semana de 18 a 24 de Abril).

Relativamente à linhagem BA.3, não foi detectado qualquer caso em Portugal desde a 20 de Março, enquanto a linhagem BA.4 não foi detectada, até à data, no país.

No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2, que o Insa está a desenvolver, têm sido analisadas uma média de 523 sequências por semana desde o início de Junho de 2021, provenientes de amostras colhidas aleatoriamente em laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo uma média de 139 concelhos por semana.

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