Páscoa com expectativas “muito boas” para a hotelaria nacional

Um pouco por todo o país, as taxas de ocupação esperadas para a Páscoa são “muito boas”, com alojamentos já esgotados e números, no caso do Algarve, “acima de 2019”.

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A Semana Santa costuma atrair muitos turistas a Braga PAULO PIMENTA

O número de reservas é “muito elevado”, há “muitos” alojamentos turísticos “esgotados” e, por isso, as expectativas para a Páscoa são “muito boas”, reage o presidente da Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Vítor Silva, em declarações à agência Lusa.

O optimismo é multiplicado um pouco por todo o país. Na Madeira, são várias as unidades hoteleiras já “completamente vendidas” para o período da Páscoa, com previsões que apontam, em média, para uma taxa de ocupação superior a 85%, revela o secretário regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus. Nas Aldeias Históricas de Portugal, “verifica-se uma clara procura crescente que se concretiza, felizmente, na retoma da actividade”, aponta Dalila Dias, coordenadora da rede.

Na região do Porto e Norte, avança Luís Pedro Martins, presidente da entidade regional de turismo, tudo aponta para que seja “incomparavelmente melhor do que a Páscoa do ano passado”; enquanto no Algarve já se perspectivam reservas “acima dos valores de 2019”, considerado o melhor ano de sempre para o turismo português, o último antes da pandemia de covid-19, “quer para a Páscoa, quer para o Verão” e “sem recorrer a baixas de preço”, aponta o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Hélder Martins, sem, contudo, avançar números.

Eleito em Janeiro, substituindo Elidérico Viegas, que presidia à associação desde a sua fundação, em 1995, Hélder Martins afasta, no entanto, a ideia “habitualmente passada” de que a região “está cheia” de turistas nesta altura do ano, salientando a “capacidade de alojamento grande” existente na região.

Para o delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal, Fernando Neves, o alívio das restrições impostas devido à pandemia veio permitir uma nova retoma do sector, com a realização de vários eventos que estavam cancelados e festividades religiosas. “As previsões apontam para que os hotéis possam ter uma ocupação bastante elevada em Abril. E, na época alta, poderão aproximar-se dos 100%.”

O mercado português, aponta, “continua a ser preponderante nas reservas”, até porque “existem ainda algumas dificuldades” nas viagens mais distantes, preferindo “destinos mais próximos e que ofereçam alguma segurança”. Também Vítor Silva destaca o papel do mercado interno que, diz, tem “aguentado” e “sustentado” a região, e “bem”, nos últimos dois anos. “E vai continuar a vir para o Alentejo”.

Já o turismo externo “só agora é que começa a ter alguma reactivação”, indicou, mostrando “preocupações” em relação aos mercados brasileiro e norte-americano”, que foram o segundo e o quarto mercados mais importantes para o Alentejo em 2019. “A situação da guerra, mais até do que a pandemia, está a atrasar um pouco a reabertura mais acentuada destes mercados”, aponta, prevendo que a retoma dos mesmos abrande ainda mais “se a situação de guerra se prolongar”, sobretudo devido à eventual subida dos preços dos bilhetes de viagens de avião e ao “factor psicológico”, frisou.

Impacto da Guerra na Ucrânia não se faz sentir

Segundo Eduardo Jesus, na Madeira sentiu-se o “abrandamento nas reservas” numa “primeira fase” devido à Guerra na Ucrânia, ainda que “sempre a crescer”, o que, garante, “não prejudica o desempenho do sector”. “Não estamos a sentir cancelamentos.”

Portugal, lembra Luís Pedro Martins, “é o país europeu mais afastado” da guerra na Ucrânia, o que “pode, de facto, fazer a diferença”, sendo visto no mercado internacional como “um país pacífico, seguro”. O facto de o conflito ser no leste europeu “pode ajudar a motivar pessoas a escolher destinos no Sul da Europa, em detrimento de outros”, com “maior proximidade” à Ucrânia, como a Turquia, a Croácia, Estónia, Eslováquia ou destinos asiáticos, lembram ainda Hélder Martins e Luís Pedro Martins.

O presidente da Entidade de Turismo do Porto e Norte (TPNP) destaca também a perspectiva de 2022 vir a ser um ano “muito interessante” para a captação do mercado do Reino Unido. “Já estamos a registar isso nas reservas. As nossas unidades hoteleiras têm manifestado que estão a ter muitas reservas por parte do mercado do Reino Unido. E nós também temos feito um esforço, por um lado, de promoção externa muito activa do Turismo de Portugal no Reino Unido”, explicou.

Por outro lado, o facto de a companhia aérea British Airways estar a “investir, como nunca, no Aeroporto do Porto” traz também “boas perspectivas” para a região, acrescenta, referindo que o Reino Unido, quinto mercado emissor para a região, poderá ajudar a “atenuar a quebra” que possa registar-se no mercado alemão. Quarto mercado emissor para o Porto e Norte, “as notícias não são favoráveis para que a opinião pública alemã tenha neste momento vontade de estar a organizar férias”, disse o presidente da TPNP.

“O que a guerra nos obrigou foi a mudar um pouco de estratégia em termos de promoção externa - dirigimo-nos agora mais para os mercados que estão mais afastados do conflito -, e encontrar no mercado do UK uma grande oportunidade para subir no ranking de mercados emissores para a região”, explicou.

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