Whoopi Goldberg pede desculpas por dizer que Holocausto não aconteceu por razões racistas

A co-apresentadora do talk show do canal norte-americano ABC disse que o Holocausto foi sobre a desumanidade do homem contra o homem e envolveu “dois grupos brancos de pessoas”.

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Whoopi Goldberg pediu desculpa pelas palavras que disse no programa de segunda-feira Reuters/CARLO ALLEGRI

A actriz norte-americana Whoopi Goldberg emitiu um pedido de desculpas depois de enfrentar uma reacção negativa por ter declarado que o Holocausto “não foi sobre raça”. Goldberg, que co-apresenta o talk show americano da ABC, The View, disse na segunda-feira que o Holocausto foi sobre a desumanidade do homem para com o homem e envolveu “dois grupos brancos de pessoas”.

Mais tarde, a actriz vencedora de um Óscar pediu desculpas: “No programa de hoje, disse que o Holocausto ‘não é sobre raça, mas sobre a desumanidade do homem para com o homem’. Eu deveria ter dito que é sobre ambas.”

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— Whoopi Goldberg (@WhoopiGoldberg) February 1, 2022 ">

A discussão no talk show surgiu depois de um conselho escolar no Tennessee ter votado para banir do seu currículo a novela gráfica do vencedor do Prémio Pulitzer, o cartoonista Art Spiegelman, Maus, que é sobre o Holocausto. O argumento para que os alunos do 8.º ano deixem de o ler é que se trata de um livro que contém palavrões e cenas de nudez — de referir que o livro é baseado nas recordações do seu pai, sobrevivente de Auschwitz, e que o autor optou por retratar os judeus como ratos e os nazis como gatos.

Para os mais críticos, as palavras de Golberg são consideradas perigosas. “Não Whoopi Goldberg, o Holocausto foi sobre os nazis e a aniquilação sistemática do povo judeu -— que os nazis consideravam uma raça inferior. Eles os desumanizaram e usaram essa propaganda racista para justificar o massacre de seis milhões de judeus. A distorção do Holocausto é perigosa”, respondeu Jonathan Greenblatt, director-chefe da Liga Antidifamação, no Twitter.

“O povo judeu em todo o mundo sempre teve o meu apoio e esse nunca será dispensado. Sinto muito pela dor que causei”, respondeu Goldberg no seu pedido de desculpas.

Numa entrevista à rede CNBC na passada quinta-feira, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, Art Spiegelman disse-se “boquiaberto” e “desconcertado” com a decisão do conselho escolar, lembrando ter conhecido imensos jovens que aprenderam sobre o Holocausto graças ao seu livro. O museu do Holocausto, nos Estados Unidos, lamentou a decisão, enaltecendo o papel essencial que a obra terá tido no detalhar das experiencias de vítimas e sobreviventes.

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