Mais de 20 sublinhagens da variante Delta detectadas em Portugal nas últimas semanas

Ao todo, as 10.943 sequências genéticas da variante Delta do SARS-CoV-2 analisadas pelo Instituto Ricardo Jorge dividem-se em mais de 40 sublinhagens.

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Células infectadas com partículas do coronavírus SARS-CoV-2 NIAID

Mais de 20 sublinhagens da variante genética Delta do coronavírus SARS-CoV-2 foram detectadas nas últimas semanas em Portugal e a AY.4.2, que tem merecido o interesse da comunidade científica internacional, aumentou de circulação desde meados de Outubro.

Segundo o relatório divulgado esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), 22 sublinhagens da Delta foram “detectadas consecutivamente” nas últimas três semanas com análises concluídas e na semana ainda com dados provisórios. O Insa ressalva que a discriminação das sublinhagens, que têm o prefixo Y, não indica que apresentem maior transmissibilidade do vírus, associação a doença severa ou maior capacidade de evasão ao sistema imunitário.

Relativamente à AY.4.2, que tem suscitado particular interesse na comunidade científica internacional devido à sua crescente frequência no Reino Unido, o relatório adianta que, após várias semanas com frequências reduzidas, verificou-se um “aumento da circulação desta sublinhagem” nas semanas entre 18 e 24 e 25 e 31 de Outubro, representando 1,8% e 3,2% das amostras a nível nacional.

“Contudo, é de notar que os casos detectados nesse período foram exclusivamente no Algarve (16 casos) e na Madeira (três casos)”, refere o Insa, ao explicar que esta sublinhagem apresenta duas mutações adicionais na proteína da espícula do vírus, responsável pela ligação e entrada do SARS-CoV-2 nas células humanas. Foram detectadas até à data 28 casos associados a esta sublinhagem em Portugal, os quais representam várias introduções independentes no país.

As 10.943 sequências da Delta analisadas pelo Insa dividem-se em mais de 40 sublinhagens. De acordo com o instituto, entre 11 e 24 de Outubro, a variante Delta continuou a ser dominante em todo o país, não tendo sido detectados casos da Gama (identificada pela primeira vez no Brasil) desde Setembro e da Beta (primeiramente observada na África do Sul) desde Julho.

No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2, foram já analisadas 20.424 sequências do genoma do novo coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e outras instituições, representando 303 concelhos de Portugal. Em Junho, o instituto anunciou um reforço da vigilância das variantes do vírus que causa covid-19 em circulação em Portugal, através da sua monitorização contínua. Segundo o Insa, esta estratégia permitiu uma melhor caracterização genética do SARS-CoV-2, uma vez que os dados são analisados continuamente, deixando de existir intervalos de tempo entre análises, que eram dedicados, essencialmente, a estudos específicos de caracterização genética solicitados pela saúde pública.

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