Covid-19: Agências de viagens pedem ao Governo que “resolva problema das moratórias”

Presidente da CGD considera que os planos que estão previstos para apoiar sectores vulneráveis “são positivos”, mas defende a urgência na sua concretização.

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Reuters/PEDRO NUNES

A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) pediu esta quarta-feira ao Governo que “resolva o problema das moratórias, tantas vezes anunciado, e nunca efectivado”, alertando para a situação do sector.

Em comunicado, a organização recordou que no dia 27 de Setembro celebra-se o Dia Mundial do Turismo, defendendo que “é a altura certa para o Governo apresentar os apoios necessários até final do ano”.

“Para que não morramos na praia”, lê-se na mesma nota.

“As semanas continuam a passar, o Verão, que evoluiu num ténue regresso, está a acabar, os apoios continuam a soar aos microfones e a faltar nas empresas”, de acordo com o comunicado.

A associação disse depois que, como tinha alertado, “as necessidades de tesouraria continuam a agravar-se nas empresas”.

“O regresso aos negócios faz-se com receitas a crescer lentamente e os custos a regressar a 100%, desequilibrando ainda mais as tesourarias das empresas, colocando trabalhadores em risco de desemprego e a oferta turística nacional em risco de desagregação”, avisa a organização.

Por isso, defende, é “imperioso” que o Governo confirme “a manutenção da possibilidade de ‘layoff’ até ao final do ano, de acordo com os diferentes níveis de regresso à actividade, por parte das empresas”, e que “pague a tranche do Apoiar Rendas, do primeiro semestre, que se mantém em dívida”.

Além disso, pede a APAVT, o executivo deve alargar “o apoio do Apoiar Rendas ao segundo semestre de 2021”, definir “uma nova tranche no programa Apoiar, de acordo com o óbvio prolongamento da crise e o adensar dos problemas de tesouraria das empresas”, resolver “o problema das moratórias, tantas vezes anunciado, e nunca efectivado” e clarificar “os processos de apoio à recapitalização e a capacidade das micro e pequenas empresas de acederem aos mesmos”.

“Vem aí mais um Dia Mundial do Turismo. Espero que seja aproveitado pelo Governo para colocar no mercado os apoios necessários, alguns deles tantas vezes anunciados. Não vejo outra razão para festejar, e não há mais nada para comentar. É altura de passar à acção”, afirmou o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, citado na mesma nota.

Presidente da CGD pede urgência nas medidas

Quem também pede o rápido avanço das medidas de apoio às empresas é o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Em entrevista à Rádio Renascença, Paulo Macedo considerou que “os planos que estão previstos são positivos”, mas acrescentou que “agora é preciso serem divulgados, em concreto, muito rapidamente”.

“O plano de apoio ao final das moratórias já foi divulgado, já se conhecem as grandes linhas, mas ainda não está totalmente delineado e isso é urgente, da mesma maneira que é urgente conhecer e divulgar os termos dos planos de recapitalização, para que as empresas possam planear o recurso a esses mecanismos que são tão importantes. A questão, neste momento, não é apenas de acesso a financiamento, pois nunca o financiamento foi tão baixo na história dos gestores, dos empresários e das nossas vidas, mas também como podem recorrer e melhorar as medidas de apoio aos capitais próprios”, afirmou.

O presidente executivo da CGD reconheceu que “a saída das moratórias será um pouco assimétrica”, porque “têm a expressão maior na restauração e turismo” e “há sectores que basicamente pediram [moratórias] por precaução”, como é “o caso das empresas do sector da construção civil, que tiveram crescimento, quer no sector privado quer no público”.

“Há empresários que, claramente, já têm as suas contas para este ano com resultados bastante positivos e temos outros que não recuperaram minimamente a sua rentabilidade”, distinguiu, dando como exemplo o caso da “restauração”, no qual há “restaurantes que estão a facturar tanto neste mês de Agosto ou mais do que já facturaram”, enquanto há “outros restaurantes que, primeiro que voltem a facturar semelhante ao que estavam, vai demorar algum tempo”.

Mais afectadas são também as “agências de viagem”, que “têm um panorama mais duro do que alguns grupos hoteleiros”, referiu Paulo Macedo.

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