Ventura quer preparar o Chega para cenários extremos: 15% nas legislativas e clandestinidade

Moção de André Ventura é apresentada e votada ao final da tarde e prevê carta branca para negociar aliança com o PSD, mas só para ida para o Governo - simples apoio parlamentar está excluído. Presidente do Chega quer o partido preparado para o cenário de o TC decretar a sua ilegalização.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Preparar o partido para chegar aos 10 a 15% nas próximas eleições legislativas para ser “indispensável à formação e viabilização de qualquer Governo”, não abdicar de participar num executivo liderado pelo PSD e definir os termos em que o Chega se deve preparar para lutar e resistir na clandestinidade, caso o Tribunal Constitucional, a pedido do Ministério Público, declare a sua ilegalização.

Estes são os principais pontos da moção estratégica global que André Ventura leva ao congresso do Chega que está a decorrer este fim-de-semana em Coimbra e que o presidente do partido apresentará ao fim da tarde aos 400 delegados.

Para o seu novo mandato de quatro anos, Ventura estabelece como grandes objectivos conseguir já no final do Verão uma “forte implantação autárquica” alcançando o terceiro lugar em número de votos a nível nacional, com presença nas juntas de freguesia, assembleias e câmaras municipais (como anunciara no seu discurso de abertura, na sexta-feira à noite). A que soma o de “consolidar e preparar o partido para alcançar 10% a 15% dos votos nas próximas eleições legislativas e tornar-se assim indispensável à formação e viabilização de qualquer Governo”.

Mas o líder do Chega especifica que ou é tudo ou nada, ou seja, se não for para o executivo, também não se espere do partido apoio na Assembleia da República. “Não deverá o partido abdicar da participação ministerial num Governo eventualmente liderado pelo PSD, exigindo a possibilidade efectiva de transformação do país. Uma solução de mero apoio parlamentar será para o partido ainda mais nociva do que a situação actual.” Até porque, diz, não há garantias de que um executivo apenas social-democrata, ainda que com o apoio do CDS ou da Iniciativa Liberal, fosse muito diferente do actual de António Costa.

Por isso, pretende que o congresso lhe dê as balizas para uma “negociação clara, efectiva e transparente, com possibilidade e autonomia para a concretização” das bandeiras do partido de forma a poder viabilizar um Governo de direita com o PSD. E para o caminho que deve seguir na condução dos caminhos internos do partido, André Ventura pretende também que os militantes lhe confiram carta branca para manter o caminho e o discurso radical que tem usado, “afastando apelos de moderação ou de menor intensidade de acção, quer devido aos clamores dos restantes partidos de direita, quer devido a um eventual receio de ilegalização”. “Foi a assertividade e a desinibição política que nos trouxeram até ao patamar em que estamos hoje. Não devemos, nesta óptica, mudar de rumo!”, defende.

Sobre o pedido de ilegalização do Chega que está em análise na justiça, Ventura quer que o congresso se pronuncie sobre o assunto – talvez com uma moção de condenação – e que defina “os termos e os modos de luta e resistência caso o sistema remeta o partido para a ilegalidade e para a clandestinidade”.

Depois de ter decidido chamar a si a decisão de criar uma directiva que tem permitido punir os militantes que têm criticado publicamente o partido, dirigentes ou outros militantes nas redes sociais, André Ventura avisa que não pretende vacilar na disciplina, mantendo a aplicação das regras de ética. “É fundamental não voltar ao tempo em que as redes sociais serviam quase exclusivamente para lavar roupa suja e perturbar o crescimento externo do partido e a sua boa imagem.”

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