Arquitecturas Film Festival regressa a Lisboa em Junho com foco em Angola

Tendo como tema Bodies Out Of Space, o festival vai realizar-se no Cinema São Jorge de 1 a 6 de Junho.

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O Cine-Estúdio do Namibe é um edifício projectado pelo arquitecto José Botelho Pereira para Moçâmedes, mas que nunca recebeu filmes Walter Fernandes (livro <i>Angola Cinemas</i>)

O Arquitecturas Film Festival regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, de 1 a 6 de Junho deste ano, numa oitava edição que se debruça sobre Angola e um total de 36 filmes, anunciou a organização esta terça-feira.

Sem se realizar em 2020, devido à pandemia de covid-19, o regresso do festival dedicado à arquitectura faz-se nos primeiros dias de Junho, com o tema Bodies Out Of Space. “É uma excursão sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro das suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que, muitas vezes, é retirada ou forçada a representar o nosso corpo”, pode ler-se na apresentação. A partir desta reflexão, acrescenta a nota, nasce “uma vontade de pensar activamente sobre a responsabilidade como espectadores” por um “labirinto de desigualdades como descendentes directos da exploração do espaço e dos corpos”.

Além da selecção oficial e da competitiva, o evento debruça-se sobre Angola, país onde “a confluência de tempos e regimes é visível na sua arquitectura e na sua memória colectiva”, com a curadoria da jornalista, escritora e produtora Marta Lança.

O certame arranca com a exibição de Para Lá dos Meus Passos, de Kamy Lara e Paula Agostinho, seguindo cinco bailarinos de diferentes regiões do território angolano. A programação inclui a estreia em sala de “Body-Buildings”, do português Henrique Pina, que cruza dança, arquitectura e cinema no olhar para “seis retratos coreográficos em seis locais portugueses distintos”. Tânia Carvalho, Vera Mantero, Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Victor Hugo Pontes e Jonas & Lander cruzam a dança com a arquitectura de Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Aires Mateus, João Luís Carrilho da Graça e João Mendes Ribeiro.

Ao todo, são 36 filmes de mais de uma dezena de países diferentes, com a programação completa a ser anunciada em breve. Documentários, filmes de ficção, animação e obras experimentais estarão incluídas na selecção, sempre com a marca da arquitectura contemporânea, com prémios atribuídos para Novos Talentos, Melhor Ficção, Melhor Filme Experimental e o Prémio do Público.

Ao lado da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge recebe um ciclo de debates intitulado África Habitat, organizado em parceria com a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, e a exposição de instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Afonso Quintã organiza ainda uma mostra sobre os cineteatros de Angola, partindo de material do Cine-Estúdio do Namibe, um projecto do arquitecto José Botelho Pereira para Moçâmedes, concluído em 1974, mas que nunca entrou em funcionamento.

Concebido pela Do You Mean Architecture e pelo Instituto, o Arquitecturas é uma co-produção com a EGEAC e o Cinema São Jorge, com vários outros parceiros e o apoio da Embaixada de Angola.

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