Espanha vai a eleições a 10 de Novembro

Casado e Riveram disseram não ao Governo de Sánchez. Felipe VI não propôs candidato à investidura. “O resultado das próximas eleições tem que ser respeitado”, disse Sánchez.

Pedro Sánchez
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O socialista Pedro Sánchez, depois da audiência com Felipe VI JAVIER BARBANCHO/Reuters
,Felipe VI da Espanha
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Pablo Casado (PP) BALLESTEROS/EPA
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Albert Rivera (Cidadãos) EPA
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Pablo Iglesias (Unidas Podemos) EPA

A Espanha vai realizar novas eleições, as segundas em sete meses. Ao início da noite, foi divulgado que o rei Felipe VI, depois de ouvir todos os partidos, não propôs qualquer nome para a investidura. 

 "Sua majestade, depois de receber a informação que lhe foi passada pelos representantes designados pelos grupos políticos com representação parlamentar, constatou que não existe um candidato que tenha os apoios necessários para que o Congresso dos Deputados lhe dar a sua confiança”, diz o comunicado do Palácio da Zarzuela.

Felipe VI começou na segunda-feira uma última ronda pelos partidos, para saber se havia condições para uma investidura e para acabar com o bloqueio político que dura desde as eleições de Abril (as terceiras em quatro anos, que o PSOE venceu mas sem maioria).

Nesta terça-feira recebeu de manhã o líder do Podemos, Pablo Iglesias, no Palácio da Zarzuela. Segundo as declarações de Iglesias à saída, já falaram do cenário de eleições a 10 de Novembro, as segundas em sete meses.

​ “O rei disse-me o mesmo que pensam os espanhóis. Depois das eleições de Novembro, se acontecerem, o período das negociações não pode ser igual a este, com meses de inactividade”, disse Iglesias, citado pelo jornal La Vanguardia.

Depois de Iglesias, Felipe VI recebeu Albert Rivera e depois Pablo Casado. E finalmente Pedro Sánchez, o líder do PSOE, partido que venceu as eleições de Abril sem maioria e chefe do Governo em exercício.

Rivera falou primeiro aos jornalistas depois da sua reunião, para dizer que ainda está disponível para ouvir cedências de Sánchez. “Ele que me telefone esta noite ou amanhã de manhã”, disse. 

 "Pedro Sánchez não tentou qualquer acordo com nenhuma formação política”, disse Pablo Casado depois. “A nossa posição foi coerente, responsável e aberta ao diálogo. Tenho a sensação que chegámos ao ponto que Sánchez desejava desde 28 de Abril”.

“A nossa posição não podia mudar”, rematou Casado.

O não à investidura de Sánchez ficou definido.

Após a declaração da Zarzuela, Pedro Sánchez falou aos jornalistas. “Os espanhóis falaram claro no passado mês de Abril. Duas forças políticas conservadoras e uma de esquerda decidiram bloquear a formação de um Governo”, disse, referindo-se ao “não” do Cidadãos e do PP, e à proposta que fez a Iglesias de uma “solução à portuguesa” - um apoio parlamentar, que o Podemos rejeitou contrapondo uma coligação, que os socialistas rejeitaram.

“O resultado das próximas eleições tem que ser respeitado, disse Sánchez, antes da inevitável confirmação de que as eleições são o caminho: “Depois de uma investidura fracassada no mês de Julho, já não sou candidato. Constatou-se na ronda [de consultas] que não há garantias para que não haja uma nova investidura falhada. (...) Não há uma maioria no Congresso de Deputados e o país vê-se condenado a uma repetição eleitoral”.

No filme do dia, Sánchez falou esta terça-feira ao telefone com os líderes dos três maiores partidos. Porém, Cidadãos e PP mantiveram a rejeição à investidura e o Unidas Podemos confirmou a sua abstenção.

Na segunda-feira, Rivera abrira a possibilidade de se abster, se o socialista assumisse três compromissos: romper os acordos com os nacionalistas bascos do EH Bildu para o governo de Navarra, autorizar a criação de uma mesa de negociação para voltar a aplicar o artigo 155.º da Constituição na Catalunha – caso o governo catalão não cumpra as sentenças do processo independentista catalão, que serão reveladas em Outubro – e não subir os impostos. 

Sánchez enviou a Rivera um documento que considerou dar essas garantias. “A resposta de Sánchez é uma bofetada a todos os espanhóis”, respondeu o Cidadãos. 

De acordo com os prazos constitucionais, as eleições realizam-se a 10 de Novembro.

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