Já morreram mais de 2000 pessoas devido ao ébola no Congo

A partir deste sábado, António Guterres inicia uma missão à República Democrática do Congo a propósito do surto de ébola no país.

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Funcionários de saúde equipam-se antes de um funeral na província de Kivu do Norte HUGH KINSELLA CUNNINGHAM/EPA
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Funcionário de saúde desinfecta uma casa de uma doente com ébola HUGH KINSELLA CUNNINGHAM/EPA
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Funcionário de saúde desinfecta uma ambulância onde entrou um provável doente com ébola Baz Ratner/Reuters

O surto de ébola já causou 2006 mortes na República Democrática do Congo, anunciou o Governo do país esta sexta-feira, referindo ainda que há 3004 casos confirmados e prováveis, o que significa que este é o segundo maior surto deste vírus de sempre. A partir deste sábado, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, inicia uma missão ao país, juntamente com Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Declarado em Agosto de 2018, este surto de ébola tem sido marcado por problemas de segurança e desconfiança dos habitantes locais em relação aos funcionários de saúde. Por isso, apesar dos desenvolvimentos de vacinas e de tratamentos já eficazes para a doença, os funcionários de saúde têm lutado pelo controlo da propagação da doença, dificultado porque em áreas mais remotas do Leste do Congo tem havido conflitos e onde a população desconfia desses tratamentos.

“Para os tratamentos funcionarem, as pessoas têm de confiar neles e nas equipas médicas que os administram”, refere-se num comunicado da Federação Internacional da Cruz Vermelha.

Este é o décimo surto de ébola na República Democrática do Congo, mas o primeiro nas províncias montanhosas densamente florestadas de Kivu do Norte e de Ituri, onde há décadas milícias têm colocado em causa a segurança de certas áreas. Também já foram registados casos em Goma, a maior cidade do Leste do Congo, e no país vizinho Uganda. Por isso e pelo crescente número de casos e mortes, em meados de Julho a OMS declarou mesmo este surto como uma “emergência global de saúde pública”

Quatro casos no Uganda  

No início de Agosto, as autoridades alertaram que a propagação da doença poderia aumentar. E, em meados de Agosto, os funcionários de saúde acabaram por confirmar o primeiro caso na província de Kivu do Sul. Pouco depois, soube-se que uma mulher contraiu o vírus num território remoto e controlado por uma milícia no Kivu do Norte. Esse caso foi detectado a centenas de quilómetros de outros já confirmados.

“Estamos a trabalhar literalmente com todos os parceiros no terreno para conseguirmos chegar às pessoas e identificarmos os casos o mais cedo possível”, afirmou na terça-feira Christian Lindmeier, porta-voz da OMS.

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Funcionários de saúde escoltados por soldados na província de Kivu do Norte, onde há milícias que colocam em causa a segurança das populações HUGH KINSELLA CUNNINGHAM/EPA

Na última semana, a OMS mostrou-se preocupada quanto à extensão geográfica que a doença tem alcançado. Mesmo assim, confirmou que o vírus não ganhou um grande avanço em Goma, mesmo depois de terem sido registados quatro casos em Julho e no início de Agosto.

“Se já se registaram 2000 mortes é porque há um problema”, afirmou à agência Reuters Timothée Buliga, habitante de Goma. Já Tedros Adhanom Ghebreyesus realçou num comunicado da organização: “O nosso compromisso para com as pessoas da República Democrática do Congo é o de pararmos este surto de ébola.”

Esta sexta-feira também se confirmou que uma rapariga de nove anos que tinha atravessado a fronteira do Congo para o Uganda acabou por morreu devido ao ébola. Este era o quarto caso importado da República Democrática do Congo para o Uganda. 

Apenas o surto entre 2012 e 2016 no Oeste de África foi mais mortal do que o actual. Houve cerca de 28 mil casos e mais de 11.300 mortes.

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