Ensaios clínicos promissores abrem caminho a cura para o Ébola

Pacientes tratados com dois fármacos apresentam taxas de sobrevivência de até 90%.

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Reuters/GORAN TOMASEVIC

A cura para o vírus do Ébola poderá estar mais próxima depois de testes de dois medicamentos experimentais terem resultado em taxas de sobrevivência de até 90% num ensaio clínico levado a cabo na República Democrática do Congo.

As duas substâncias, REGN-EB3 e mAb114, serão agora distribuídas gratuitamente a pacientes infectados no Congo, país afectado pelo mais recente surto do vírus — e o segundo maior da história — que já resultou em mais de 1803 mortes e 2687 infecções desde o seu início em Agosto do ano passado. O vírus, que se propaga exclusivamente através de fluidos corporais, provoca febre hemorrágica e tem uma taxa de mortalidade de 50%, embora em alguns surtos tenha atingido até 90%. 

Os testes foram realizados em simultâneo ao de outras três alternativas e foram conduzidos pelo Instituto Nacional para Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, na sigla inglesa). Foram cerca de 680 os pacientes incluídos no ensaio clínico em quatro centros de tratamento. Segundo Anthony Fauci, director do NIAID, 49% dos pacientes que tomavam o ZMapp e 53% no Remdesivir morreram durante o estudo. Em comparação, apenas 29% dos pacientes medicados com o REGN-EB3 e outros 34% com o mAb114 morreram.

Jean-Jacques Muyembe, director-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Biomédicas do Congo, instituição que também participou nos testes, afirma que estes resultados significam que se pode afirmar que o vírus tem cura. “A partir de agora, não vamos dizer que o Ébola é incurável. Estes avanços vão ajudar a salvar muitas vidas”, referiu.

Os testes de tratamentos no Congo, que começaram em Novembro de 2018, estão a ser realizados por um grupo de investigadores e institutos internacionais coordenados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Mike Ryan, director do programa de emergência da OMS, referiu que os novos avanços são uma boa notícia, mas não são suficientes para acabar com a epidemia. “As notícias de hoje são fantásticas e dão-nos uma nova ferramenta na luta contra o Ébola, mas não vão parar o vírus”, afirmou.

O surto de ébola mais devastador de sempre começou em Março de 2014 na Guiné-Conacri, tendo posteriormente atingido as nações vizinhas da Serra Leoa e da Libéria. Quase dois anos depois, em Janeiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde proclamou o fim da epidemia, na qual 11.300 pessoas morreram e mais de 28.500 foram infectadas.

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