Huawei deixa de poder pré-instalar aplicações do Facebook

Futuros telemóveis da marca não terão serviços como o Instagram e o WhatsApp.

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LUSA/KITH SEREY

Os futuros telemóveis que a Huawei venha a colocar no mercado vão deixar de ter pré-instaladas as aplicações do Facebook, incluindo o Messenger, o WhatsApp e o Instagram, na sequência das sanções impostas pelos EUA.

Juntando-se à decisão do Google de impedir o acesso da Huawei à loja de aplicações para Android, a medida do Facebook significa que não haverá uma alternativa simples para que os utilizadores daqueles aparelhos acedam ao serviços da empresa, dificultando assim a tarefa da marca de convencer consumidores a comprarem os seus futuros equipamentos.

Porém, os utilizadores de telemóveis Huawei que já tiverem as aplicações instaladas continuarão a poder usá-las e actualizá-las. Os telemóveis que estão à venda nas lojas também continuam a permitir acesso normal às aplicações. E alguns dos serviços (como é o caso do site do Facebook) também podem ser abertos numa página web, através do browser.

A notícia foi avançada nesta sexta-feira pela agência Reuters. Questionado pelo PÚBLICO, o Facebook confirmou a decisão. “Estamos a rever a decisão final do Departamento do Comércio [dos EUA] e a mais recente licença geral temporária [uma suspensão das sanções até Agosto], e a tomar medidas para assegurar o cumprimento”, afirmou a empresa.

Já a Huawei esclareceu que “os smartphones que já foram vendidos ou estão em stock permitem que os utilizadores façam download e usem a aplicação do Facebook/WhatsApp, entre outras, normalmente”.

É frequente os fabricantes de telemóveis e as empresas de serviços online entrarem em acordo para que aplicações ou funcionalidades sejam pré-instaladas nos telemóveis. Aos fabricantes, isto dá a possibilidade de disponibilizar aos clientes os serviços que estes pretendem assim que ligam o telemóvel pela primeira vez. Por seu lado, empresas como o Google e o Facebook têm a vantagem de ir ao encontro de utilizadores sem que estes tenham sequer de descarregar uma aplicação.

A decisão do Facebook surge no seguimento de uma ordem da administração de Donald Trump de colocar a Huawei numa lista negra de empresas com as quais as empresas americanas não podem ter relações comerciais.

Aquela sanção foi justificada com receios de segurança. Mas o próprio Presidente americano admitiu que a questão da Huawei poderá ser usada como um trunfo na guerra comercial com a China e poderá fazer parte de um eventual acordo comercial.

As sanções americanas foram anunciadas em meados de Maio, levando a que, poucos dias depois, o Google anunciasse que ia deixar de fornecer o sistema operativo Android, bem como a loja de aplicações Play Store e os seus outros serviços para que a Huawei os integrasse nos seus telemóveis. A Huawei, cujas vendas de telemóveis têm estado a subir em contraciclo com o mercado, poderá continuar a usar a versão livre do Android, mas sem suporte do Google.

Ainda em Maio, os EUA decidiram suspender até 19 de Agosto as sanções à Huawei, para dar tempo aos operadores de comunicações americanos se adaptarem. Naquele país já não são vendidos telemóveis da Huawei, mas muitos operadores continuam a usar equipamentos da multinacional nas infra-estruturas de rede, incluindo para o fornecimento de Internet a zonas rurais.

A Huawei decidiu recorrer à justiça americana para tentar pôr um fim às sanções, cujas consequências se têm feito sentir para a marca.

Recentemente, dois operadores de telecomunicações no Reino Unido decidiram cancelar o lançamento de um telemóvel 5G da Huawei, justificando a medida com incertezas quanto à capacidade da empresa para corresponder às expectativas dos consumidores. Os operadores continuam a vender os restantes modelos da Huawei, tal como acontece em Portugal.

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