Lucro do BCP sobe 80% para 153,8 milhões

O banco liderado por Miguel Maya apresentou o melhor resultado da última década. O presidente que sucedeu a Nuno Amado aproveitou para comentar as comissões do Multibanco e do MB Way.

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LUSA/JOÃO RELVAS

O BCP teve lucros de 153,8 milhões de euros no primeiro trimestre, mais 79,7% face aos mesmos três meses de 2018, divulgou o banco liderado por Miguel Maya. Apenas em Portugal, os lucros foram de 94,3 milhões de euros, mais do dobro na comparação homóloga.

Miguel Maya sublinhou o bom desempenho do BCP, que no primeiro trimestre do ano apresentou os resultados mais altos da última década. De seguida referiu a capacidade demonstrada pelo BCP para reduzir NPEs (crédito problemático), uma rubrica que sofreu uma diminuição de 1,9 mil milhões de euros. Por sua vez, no final de Março, o volume de imparidades caiu para 4,4 mil milhões de euros.

Em termos consolidados, o produto bancário avançou 11,1% para 597,7 milhões de euros, com a margem financeira a crescer 5,2% para 362,7 milhões de euros, enquanto as comissões desceram 0,7% para 166,6 milhões de euros.

Em outros proveitos, o banco conseguiu 68,3 milhões de euros, mais 171,4% do que no primeiro trimestre de 2018, o que o presidente do banco, Miguel Maya, justificou na conferência de imprensa de apresentação de resultados, em Lisboa, com ganhos em dívida pública e corporativa.

Do lado dos gastos, os custos recorrentes subiram 4,5% para 253,5 milhões de euros e os custos de reestruturação relacionados com trabalhadores avançaram 73,8% para seis milhões de euros. Já as imparidades e provisões desceram 20% para 103,9 milhões de euros.

O banco destaca que entre Março de 2018 e Março de 2019 os activos problemáticos (NPE - non performing exposure, na expressão técnica em inglês, que inclui sobretudo crédito malparado) desceram para 5178 milhões de euros.

Para o resultado consolidado, além de Portugal, as operações internacionais (Polónia, Moçambique e Angola) contribuíram com 46,1 milhões de euros, mais 12,1% face aos primeiros três meses de 2018.

Na apresentação de resultados, Miguel Maya destacou o resultado “muito positivo” da Polónia, onde o BCP tem o Bank Millennium.

Já a soma dos clientes activos subiu de 4,6 milhões, para 4,9 milhões, aproximando-se do plano traçado para 2021 de chegar aos seis milhões. Com os clientes digitais a pesarem agora 56% do bolo global (52% em 2018).

O rácio de capital total do grupo BCP cifrou-se, no primeiro trimestre, em 15,2% e o rácio Tier 1 em 13,1%.

Multibanco e MB Way

Interpelado sobre o pagamento de taxas nos movimentos realizados via Multibanco (o que a lei não permite) o presidente do BCP garantiu: “o BCP cumpre sempre a lei”. Mas defende que deverá haver igualdade de condições entre instituições bancárias que competem no mercado da União Bancária.

Noutro âmbito, o BCP tem seis milhões de euros para fazer cortes no quadro de pessoal, revelou Miguel Maya. O banqueiro aproveitou para contrariar a tese de que a banca digital destrói emprego. “Não é verdade”, referiu, acrescentando que e o BCP até está a recrutar trabalhadores para essa área. O digital é aliás uma aposta do BCP, adiantou, o que exige não só a reconversão de postos de trabalho, mas também o recrutamento de novos quadros.

Sobre o serviço MB Way, Maya recordou que defende, desde o primeiro momento, que este serviço devia ser pago. E que o banco vai passar a cobrar o acesso ao MB Way a partir de 17 de Julho, realçando que os clientes do BCP com idades até 23 anos estarão isentos.

Ainda hoje a “conveniência” é o factor fundamental o processo inicial de escolha de um banco por parte dos clientes. E, segundo Maya, para uns essa conveniência passa por ter uma agência à sua porta, mas para outros é ter o telefone. 

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