Reino Unido vai simular caos na fronteira de Dover por causa do "Brexit"

Antes da votação no Parlamento do acordo negociado por Theresa May com a Comissão Europeia, vai haver um teste sobre a capacidade das estradas britânicas de resistirem a um engarrafamento gigante.

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Camiões na auto-estrada M20, de Londres ao porto de Dover Neil Hall/REUTERS

O Reino Unido vai começar a fazer simulações de possíveis situações de caos no caso de uma saída da União Europeia sem acordo. O primeiro simulacro será na segunda-feira: vai ser testada a forma como a rede viária suporta um engarrafamento de cerca de 150 camiões provocado por interrupções na sua mais importante fronteira para a entrada de mercadorias provenientes da Europa continental, o porto de Dover.  

A primeira-ministra Theresa May tem tentado forçar a aprovação do seu acordo do “Brexit” pelo Parlamento. Mas, se os deputados rejeitarem o documento negociado com a Comissão Europeia e aprovado pelo Conselho Europeu, ou o Reino Unido vai sair à mesma da UE sem nenhum acordo de comércio às 23h no dia 29 de Março ou terá que adiar o “Brexit”.

May tem alertado constantemente que, se os deputados não aprovarem o acordo que negociou, a quinta maior economia do mundo deixará a UE sem ter um acordo para as trocas comerciais – um cenário de pesadelo para as grandes empresas.

Daí a simulação marcada para segunda-feira. O objectivo é testar as capacidades para lidar com longas filas de veículos pesados no porto de Dover, causadas pela interrupção do tráfego no Canal da Mancha em caso de serem totalmente repostos os controlos fronteiriços, se não houver um acordo de comércio após a saída do Reino Unido da União Europeia, informou o Departamento de Transportes.

Cerca de 150 camiões serão conduzidos entre um aeroporto local, que será usado como um parque de estacionamento, e o porto de Dover, no sudeste de Inglaterra, para verificar se obstruí a rede viária fica entupida com este tráfego.

"Não queremos nem esperamos um cenário de não-acordo e continuamos a trabalhar arduamente para chegar a um acordo com a UE", disse uma porta-voz do Departamento de Transportes. "No entanto, é o dever de um Governo responsável preparar-se para todas as eventualidades e contingências, incluindo um possível não-acordo".

O Governo de May alertou repetidamente no caso de não haver acordo sobre o “Brexit”, haveria uma ruptura em todas as áreas. Já os defensores do “Brexit” afirmam que, embora possa haver alguma perturbação no imediato, a longo prazo o Reino Unido vai prosperar fora do que consideram um projecto não democrático e excessivamente burocrático dominado pela Alemanha.

Tories não acreditam no acordo

Com receio de uma muito provável derrota, Theresa May adiou a votação sobre o acordo no Parlamento no mês passado e comprometeu-se a procurar mais garantias políticas e legais da UE. A UE disse que poderia tentar dar mais garantias para acalmar as preocupações dos críticos de May, mas que não iria renegociar o acordo.

O documento voltará a votação na próxima semana e o Governo britânico tem repetidamente tentado ressaltar os riscos económicos de um Brexit sem acordo.

May sofreu um novo golpe esta sexta-feira, pois uma sondagem mostrou que a maioria dos membros do seu Partido Conservador se opõe ao acordo do Brexit e prefere sair da UE sem nenhum acordo. Dos 1215 tories interrogados na sondagem YouGov, 59% opuseram-se ao acordo e 76% disseram que os avisos sobre os riscos de interrupção em caso de não-acordo eram "exagerados ou inventados". Apenas 38% dos entrevistados apoiaram o acordo de May.

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