César espera que congresso do PS “discuta futuro e não o passado”

Socialista reafirma a “revolta” com os casos de justiça de ex-governantes como Manuel Pinho e José Sócrates e pergunta ao PSD se sente o mesmo tendo em conta “a imensa lista” de pessoas em situações similares.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

A três semanas do congresso do PS, os socialistas tentam esvaziar o balão, que se poderia tornar um incómodo no conclave, e vão falando sobre as suspeitas que recaem sobre o antigo ministro Manuel Pinho e sobre a situação do ex-primeiro-ministro José Sócrates. E agora carregam nos adjectivos. Carlos César, esta quinta-feira de manhã depois da reunião da bancada parlamentar, voltou a responder a perguntas sobre o assunto que, diz, pode vir a ser tema no congresso se alguém assim o quiser, mas preferia que não o fosse.

Respondendo a uma pergunta sobre se estas consecutivas declarações não serviam apenas para afastar o assunto da reunião dos socialistas agendada para o final do mês, César respondeu que o “congresso é um espaço de liberdade”, mas, acrescentou: “O que entendemos é que as atenções devem convergir nesse congresso no sentido de dotar o Partido Socialista de uma visão programática, e um projecto sólido para os desafios com que os vamos confrontar no futuro próximo. A melhor forma de o congresso do PS contribuir para a transparência do projecto do PS é falar do futuro e não falar do passado”, defendeu. Logo de seguida acrescentou: “Mas para nós não há qualquer sentido de ocultação”.

Nas declarações aos jornalistas, Carlos César devolveu a bola aos sociais-democratas, questionando se também o PSD se sente incomodado ou “revoltado” com as suspeitas sobre antigos governantes daquele partido. “Os portugueses querem saber se um partido como o PS se sente ou não revoltado com situações destas”, mas também “é importante perguntar ao PSD, com a lista de pessoas em situações similares, se nessa altura se sentiram revoltadas ou se mesmo agora, passado este tempo, exprimem a sua revolta”, disse.

Sobre este assunto, César, que já usou vários adjectivos para descrever a situação, insistiu: “Nós ficamos revoltados, não admitimos que pessoas que têm responsabilidades que são assumidas em nome do interesse nacional, as desempenhem em nome de interesses privados e próprios”. Isto, disse, independentemente de ser um presidente de junta ou um primeiro-ministro: “Todas as situações que envolvam comportamentos irregulares, danosos, criminais comprovados, sempre que se confirmem constituem para nós um motivo de revolta – pode acontecer com um antigo primeiro-ministro como pode acontecer com um antigo presidente de junta”, mas as de primeiro-ministro são, disse, “responsabilidades mais elevadas e implicam um julgamento mais severo”.

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