Cidadãos isentos de pagar água consumida com os incêndios

Medida surge na sequência dos incêndios que assolaram a cidade de Braga no passado dia 15 de Outubro e deixaram 1200 hectares de terra queimada.

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LUSA/HUGO DELGADO

O custo do consumo excessivo de água a que os bracarenses residentes em zonas próximas àquelas onde lavraram as chamas foram obrigados vai recair não sobre a população, mas sobre a Agere. A empresa municipal responsável pelo abastecimento público de água e pelo saneamento decidiu, em articulação com a autarquia, atribuir a cada agregado familiar afectado um crédito equivalente ao valor que excedeu a média do consumo do ano de 2016.

A entidade justificou, em comunicado, a medida como “forma de minimizar os custos com os consumos de água na prestação de um serviço público, que evitou danos maiores no concelho” e o presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, explicou, durante a primeira reunião do Executivo Municipal após as Eleições Autárquicas, na segunda-feira, que a Agere vai delinear o mapa das áreas abrangidas, para fazer o valor médio dos consumos anteriores e isentar os munícipes do pagamento de qualquer excedente.

O autarca revelou que, durante a semana, vai reunir com as divisões municipais ligadas à protecção civil, ao ambiente e à floresta, e com as juntas de freguesias para fazer o ponto da situação do incêndio e pensar a reflorestação dos 1200 hectares de área ardida, frisando que a câmara vai “tentar condicionar ao máximo” as decisões “quanto às novas espécies que serão plantadas”.

Na primeira reunião como vereador, Miguel Corais, do PS, alegou falta de responsabilidade dos presidentes de algumas das juntas na limpeza das matas, na sequência das queixas de alguns moradores, e, apesar do “contexto meteorológico difícil” em que o incêndio deflagrou, criticou a falta de recursos, quer humanos, mas sobretudo materiais dos Bombeiros Sapadores e dos Bombeiros Voluntários face a municípios vizinhos como Barcelos ou Famalicão. Nesse sentido, os três vereadores socialistas apresentaram uma proposta para ser votada na próxima reunião, em que a Agere ceda 20 cêntimos de cada fatura aos Bombeiros Voluntários para o “investimento de meios para a prevenção e combate de incêndios”.

Ricardo Rio frisou, na resposta, que a câmara tem vindo, além do novo quartel, inaugurado no ano passado, a dotar os Bombeiros Sapadores de mais meios – vão contratar 15 novos bombeiros – e a dispor aos Bombeiros Voluntários um apoio nunca tiveram antes da parte do município, considerando que a ideia socialista de transferir fundos da Agere para a corporação, apesar de positiva, não é a melhor forma de ajudar, por se estarem a entregar fundos que poderiam ser transferidos directamente da Câmara para uma associação humanitária, que, a seu ver, deve ser sustentada pela sociedade civil.

O vereador da CDU, Carlos Almeida, alertou, por seu turno, para a necessidade de se fazer o levantamento dos proprietários dos terrenos florestais para prevenir riscos de incêndio no futuro, e criticou o facto do Plano Municipal de Emergência ter sido activado por volta das 02h00 de segunda-feira, realçando que outros municípios revelaram “muito mais prontidão” neste capítulo. Firmino Marques, vice-presidente da autarquia e vereador responsável pela protecção civil, afirmou que o “plano foi accionado à hora possível”, depois de concluída a reunião com as forças de protecção civil e com as forças de segurança.

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