Centeno: Portugal mostrou que "algumas vozes no Eurogrupo andaram muito enganadas"

Ministro das Finanças foi a Bruxelas pedir aos parceiros para "serem mais comedidos nos seus comentários".

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Centeno com Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, nesta quinta-feira LUSA/OLIVIER HOSLET

O ministro das Finanças, armado com os mais recentes dados económicos e orçamentais, lançou esta quinta-feira fortes críticas aos seus colegas do Eurogrupo que mostraram dúvidas quanto à capacidade de Portugal atingir as metas prometidas, pedindo para que no futuro sejam mais comedidos. No entanto, numa conferência de imprensa que decorreu em simultâneo, tanto o presidente do Eurogrupo como o comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros voltaram a falar da existência de riscos importantes e da necessidade de o Governo tomar medidas que respondam ao “nervosismo” dos mercados. “Não há espaço para complacência”, disseram.

No final da reunião dos ministros das Finanças da zona euro realizada em Bruxelas e que contou com a presença de Mário Centeno, o ministro português enviou, em conferência de imprensa, diversos recados aos seus colegas. Apresentando os dados da execução orçamental de Dezembro que confirmam a possibilidade de cumprimento das metas orçamentais para 2016, Centeno disse, citado pela agência Lusa, que se está perante “a confirmação de que algumas vozes no Eurogrupo andaram durante o ano de 2016 muito enganadas".

O ministro reforçou ainda que “mais (grave) do que andar enganados neste mundo em que a comunicação é um factor chave, é o impacto que esses enganos têm noutras pessoas e noutras instituições".

Esta mensagem foi, de acordo com Centeno, passada aos seus colegas do Eurogrupo. “Eu acho que fiz ver muito claramente nesta reunião que é muito importante que a comunicação melhore, que a utilização da informação melhore, que a análise que é feita sobre as políticas e aquilo que são as decisões dos países seja feita de forma um pouco menos apaixonada, mais racional no sentido daquilo que se quer, do seu conteúdo formal".

No entanto, também numa conferência de imprensa de apresentação dos resultados da reunião dos ministros das Finanças da zona euro, o presidente do Eurogrupo, o comissário europeu para os Assuntos Económicos e o presidente do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE) estiveram muito longe de se limitar a aplaudir os resultados económicos e orçamentais obtidos por Portugal.

Mercados "nervosos"

Pelo contrário, o discurso destes três responsáveis centrou-se no lançamento de alertas a Portugal em relação a uma situação que se considera ter “riscos importantes” e ao pedido para que Portugal tome medidas para os contrariar.

Klaus Regling, o presidente do MEE salientou que “os mercados estão nervosos com Portugal sobre várias coisas”. E destacou três factores para esse nervosismo: o elevado nível da dívida, a situação do sector financeiro e a competitividade da economia. “Estou confiante, e o ministro falou disso, que se esses assuntos forem enfrentados, os mercados vão reagir bem”

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, também se referiu à “volatilidade” que existe no mercado em relação a Portugal, onde as taxas de juro da dívida a 10 anos superaram os 4%. “Isso mostra a necessidade de Portugal avançar com a sua agenda de reformas e avançar com novas medidas para fortalecer os bancos”, disse este responsável, que logo a seguir reconheceu que, ao nível dos bancos, “o Governo está a tomar as acções certas”.

Já o comissário Pierre Moscovici apelou a que Portugal “mantenha uma política orçamental prudente”, “aja para reduzir a dívida das empresas” e “continue com as reformas para aumentar a competitividade”.

Os três responsáveis disseram que, na reunião, Mário Centeno estava “ciente dos desafios”. “Tranquilizou-nos em relação ao que são as intenções do Governo”, disse Moscovici.

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