Dívida das empresas públicas com desvio de 2400 milhões

Orçamentos apontavam para endividamento global de 29.556 milhões de euros no primeiro semestre, mas o valor ficou muito acima. A grande maioria falhou metas nos resultados operacionais.

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Metro de Lisboa teve o agravamento mais forte dos prejuízos, que aumentaram 19,6 milhões evr enric vives-rubio

Os orçamentos das empresas do Estado apontavam para que, no final do primeiro semestre, o endividamento atingisse 29.556 milhões de euros, mas o valor ficou muito acima do previsto. De acordo com o boletim divulgado pela Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (UTAM), a dívida financeira fixou-se afinal em 31.997 milhões – ou sejam um desvio superior a 2440 milhões.

Esta derrapagem ficou a dever-se, em grande parte, às empresas públicas de transportes, que tinham estimado chegar a Junho com um passivo de 17.920 milhões, mas o montante ficou 2235 milhões acima do estimado (alcançando 20.154 milhões). Houve, no entanto, outros casos de incumprimento dos valores orçamentados: o sector de gestão de património registou um desvio de 133,7 milhões e as empresas financeiras superaram as projecções de endividamento em 117,6 milhões.

No extremo oposto estão as entidades do sector imobiliário, cuja dívida ficou quase 28 milhões de euros abaixo do previso. A UTAM destaca ainda que, face ao primeiro semestre de 2015, o passivo aumentou, mas residualmente. A evolução foi de apenas 38 milhões de euros.

Desde 2011 que as empresas do Estado têm metas no que diz respeito ao aumento da dívida financeira, que este ano está balizada em 3%. De acordo com o boletim, 86% das entidades cumpriram o objectivo. No entanto, houve vários casos em que o tecto não foi respeitado, com destaque para o endividamento da Ambisider, que subiu 19%, da RTP (17%) e da Águas de Portugal (14%).

Nas outras três metas fixadas pelo accionista, o grau de cumprimento foi bastante inferior. As empresas com Ebitda (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) negativo até 30 de Junho tinham de inverter a situação e as que tivessem Ebitda positivo estavam obrigadas a melhorar este indicador. No entanto, apenas 29% atingiram o objectivo. No que diz respeito à redução do peso dos gastos com pessoal no volume de negócios, o rácio de cumprimento foi de 40% e a diminuição dos atrasos nos pagamentos foi conseguida por 59% das empresas.

Ao contrário do que aconteceu com o endividamento, houve outras áreas em que as contas superaram as previsões. O resultado líquido, por exemplo, foi negativo em 332,7 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que significou não só uma redução de 104,2 milhões face ao período homólogo, como também uma melhoria em relação ao valor orçamentado (359,3 milhões).

Neste domínio, a Parpública (holding que gere as participações do Estado em empresas) foi a que deu o maior contributo, com um acréscimo de 117,9 milhões de euros no resultado líquido. Pelo contrário, a Metro de Lisboa teve o agravamento mais forte dos prejuízos, aumentando as perdas em 19,6 milhões.

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