Coreia do Sul e EUA vão instalar sistema anti-míssil para conter ameaça de Pyongyang

O sistema de defesa anti-míssil THAAD deverá estar concluído até ao final de 2017 na Coreia do Sul.

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O acordo foi assinado em Seul You Seung-kwan/Reuters

A Coreia do Sul e os EUA anunciaram esta sexta-feira que vão instalar um sistema avançado de defesa anti-míssil na Coreia do Sul, como resposta à ameaça da Coreia do Norte.

O sistema Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) será usado apenas como uma protecção contra os avanços da Coreia do Norte - que recentemente lançou um míssil de médio alcance e no início deste ano fez um teste nuclear –, não sendo dirigido a outras nações, segundo declarações do Ministério da Defesa sul-coreano e do Departamento da Defesa dos EUA, num comunicado conjunto.

“O continuado desenvolvimento de mísseis balísticos e de armas de destruição maciça levaram a que a aliança tome esta medida prudente e de prevenção”, comentou o general Vincent Brooks, que comanda as forças dos EUA na Coreia do Sul, de acordo com a Reuters.

Yoo Jeh-seung, ministro-adjunto da Defesa sul-coreano, declarou numa conferência de imprensa que Seul e Washington vão rapidamente avançar com o sistema THAAD porque as capacidades que a Coreia do Norte tem demonstrado revelaram-se uma ameaça para a região, citou o jornal The Guardian.

O sistema deverá estar operacional até ao final de 2017 e o local deverá ser escolhido “dentro das próximas semanas”, revelou o Ministério da Defesa sul-coreano.

A China condenou a decisão e já apresentou queixas às embaixadas dos EUA e da Coreia do Sul. “A China apela a que os EUA e a Coreia do Sul parem a instalação do sistema anti-míssil THAAD, para não darem passos que compliquem a situação e que prejudiquem a estratégia de segurança chinesa”, comunicou o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.

Pequim considera que o sistema vem destabilizar a segurança na região, sem alcançar nada que acabe com o programa desenvolvido pela Coreia do Norte. Receiam que os novos radares também sirvam para detectar as capacidades militares da China. “A China sabe que não é o alvo. Não gosta é da ideia de existirem mais armas dos EUA perto deles”, garantiu Yoo Dong-ryol, que lidera o Instituto de Democracia Liberal da Coreia, em Seul. Apesar de a China ser um dos principais aliados da Coreia do Norte, teve sempre uma posição de condenação do seu programa nuclear e apoiou os EUA quando aplicaram sanções a Pyongyang em Março.

A Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, e o Presidente chinês, Xi Jiping, já organizaram sete cimeiras desde 2013. A Coreia do Sul tem sido relutante em discutir abertamente sobre o sistema THAAD, como relembrou a Reuters, pois a China é um importante parceiro comercial e é cada vez mais um aliado diplomático.

A Rússia também se opôs a este projecto. A agência de notícias russa Interfax revelou que o Ministro da Defesa disse que ia ter estas medidas em consideração para o plano militar de Moscovo.

Quanto ao Japão, o secretário de Estado, Koichi Hagiuda, disse que apoia a instalação deste sistema porque “reforça a segurança na região”, considerando a possibilidade de desenvolver algo semelhante para complementar as embarcações equipadas com o sistema Aegis, que circulam no Mar do Japão, e os mísseis Patriot.

Os EUA voltaram a aplicar sanções à Coreia do Norte, mas pela primeira vez o motivo é o desrespeito pelos direitos humanos do qual a população norte-coreana é vítima. “Com o governo de Kim Jong-un, a Coreia do Norte continua a infligir crueldades intoleráveis e dificuldades em milhões de pessoas, incluindo execuções extrajudiciais, trabalhos forçados e tortura”, afirmou Adam J. Szubin, subsecretário para o Terrorismo. A Coreia do Norte já comentou o que considerou uma “declaração de guerra” por parte dos EUA e disse que estava a preparar uma resposta.

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