Não há “contas ocultas”, garante a ministra das Finanças

Maria Luís Albuquerque lança farpas ao PS, dizendo que nem toda a gente percebeu o resultados das eleições.

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“Hoje, não é possível ter contas ocultas”, diz Maria Luís Albuquerque Daniel Rocha

Não, não há números escondidos, garante a ministra das Finanças. Pela segunda vez em três dias, Maria Luís Albuquerque veio defender a coligação PSD e CDS das acusações do secretário-geral do PS, quando na última sexta-feira afirmou que o Governo está a ocultar informação sobre a real situação financeira do país.

Questionada em entrevista à SIC sobre aquilo a que se referiu o líder do PS, Maria Luís Albuquerque diz não saber a resposta. “Eu não faço ideia, honestamente”, começou por dizer, rejeitando liminarmente “insinuações” sobre números escondidos.

“A verdade é que, hoje, não é possível ter contas ocultas”, argumentou Maria Luís Albuquerque, referindo que os exercícios orçamentais são constantemente escrutinados, tanto interna como externamente. E deu um exemplo daquilo que diz ser o acompanhamento sob a rota das finanças públicas: “A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) – não sei se os portugueses têm essa noção – tem acesso directo às bases de dados da Direcção-Geral do Orçamento, ou seja, nem sequer depende de pedidos que faça apenas ao Ministério das Finanças, ainda que haja uma troca de informação muito intensa”.

Por isso, enfatizou, as contas “são de tal forma escrutinadas que hoje não é possível ter factores que estejam ocultos”. E “mesmo que houvesse intenção – que não há – seria impossível que houvesse contas ocultas”, vinca.

A linha de argumentação é a mesma do que Maria Luís Albuquerque deixou por escrito no sábado, em reacção à entrevista de Costa à TVI. Numa nota emitida então em nome do PSD (e não na qualidade de ministra das FInanças), Albuquerque dizia que não foram transmitidas quaisquer informações “passíveis de gerar alarme” e garantia que a “situação das finanças públicas portuguesas é absolutamente transparente”.

Mas os socialistas vieram reafirmar o conteúdo das declarações de Costa, insistindo que a declaração em causa diz respeito às “diferentes reuniões mantidas com a delegação do PSD e do CDS” – aquelas onde Costa se encontrou com Passos e Portas, mas onde a ministra (agora deputada eleita do PSD) não esteve presente.

Maria Luís Albuquerque reuniu-se na semana passada com o economista Mário Centeno, representante do PS, num encontro a parte das duas reuniões realizadas pelas delegações do PSD/CDS-PP e do PS encabeçadas pelos respectivos líderes.

Agora, na entrevista à SIC, voltou a referir-se ao encontro com o economista que elaborou o programa macroeconómico do PS. “Na reunião em que eu estive presente, o dr. Mário Centeno não me colocou nenhuma questão particular sobre alguma matéria de que tivesse tido conhecimento”. A reunião a que Maria Luís Albuquerque se refere aconteceu a 12 de Outubro, já depois da primeira reunião em que Passos e Portas receberam Costa, mas na véspera de os socialistas receberem os líderes do PSD e do CDS no Largo do Rato.

Maria Luís Albuquerque esteve em directo na SIC poucos minutos antes de Paulo Portas começar a ser entrevistado na TVI, aproveitando para lançar farpas ao PS sobre a interpretação ao resultado das legislativas de 4 de Outubro. Lembrando que foi “quem ganhou as eleições foi a coligação” PSD/CDS-PP, disse esperar que sejam os dois partidos a formar Governo.

E ironizou: “Parece-me importante repetir [que o PS perdeu as eleições], porque parece que nem toda a gente terá percebido”. E fez a sua interpretação dos resultados eleitorais: “Os portugueses querem que a coligação continue a governar, mas que faça entendimentos com o PS”.

Maria Luís Albuquerque voltou a acusar os socialistas de não terem estado nas negociações de boa-fé e admitiu que a sua real intenção não foi chegar a acordo com a coligação. Mas no final deixou a porta aberta a um entendimento. 

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