GNR identificou 68 menores suspeitos de fogos florestais desde 2013

Em relação aos adultos, a Guarda identificou 1919 pessoas suspeitas em situações que incluem incêndios provocados por negligência.

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PCP propõe grupo de trabalho permanente para acompanhar o cumprimento de medidas de prevenção e combate aos incêndios. Daniel Rocha

Desde 2013, a GNR, a polícia mais presente nas áreas rurais, identificou 68 menores de 18 anos suspeitos de atearem incêndios florestais. O número representa 3,5% do total de identificados num conjunto de dados fornecidos ao PÚBLICO onde se registam ainda 1919 adultos suspeitos deste tipo de crime. Nestes dados a GNR inclui situações provocadas por negligência já que a investigação dos incêndios dolosos é uma competência da PJ, polícia que no mesmo período identificou 51 menores suspeitos.

O PÚBLICO noticiou esta quarta-feira que a PJ identificou 27 menores desde 2013, número que se verifica se for tido em conta apenas o período homólogo entre Janeiro e Agosto, conforme a informação que aquela polícia forneceu inicialmente. Nos últimos quatro meses de 2013 e 2014 foram identificados mais 24 jovens. Na contabilização dos casos referentes a menores, a PJ reporta-se apenas aos jovens até aos 16 anos, a idade até à qual não são criminalmente responsáveis. Nessas situações, os casos são comunicados ao Ministério Público para a instauração de um processo tutelar educativo em Tribunais de Família e Menores que pode acabar com o internamento dos jovens em centros educativos, os antigos reformatórios.

No total, foram detidos pela PJ e pela GNR 296 adultos, a maioria pelos militares da Guarda. Ao nível dos distritos, Castelo Branco é o que contabiliza mais detidos e identificados pela GNR (270), seguido por Viseu (233), pelo distrito da Guarda (178) e por Beja (160). A GNR destaca também o registo de mais de 16.296 ocorrências de incêndio florestal, mais 9.005 do que em 2014, o que representa um aumento de 123%. O PÚBLICO pediu, sem sucesso, os mesmo dados à PSP, polícia que actua em zona mais urbanas.

O perfil e as motivações não divergem entre adultos e menores. Segundo a psicóloga Cristina Soeiro, coordenadora do Gabinete de Psicologia da Escola de PJ, 55% dos casos estão relacionados com problemas de “saúde mental” detectados nos suspeitos, nomeadamente “limitações cognitivas”. Em alguns casos, salienta a psicóloga, as situações reportam a menores pertencentes a famílias disfuncionais. Também entre os menores, o modo de actuação é simples. Na maioria das vezes (80%) escolhem a chama directa, nomeadamente isqueiros ou fósforos.

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