Vasco Cordeiro vê com cautela suspensão provisória da redução nas Lajes

Presidente do Governo regional dos Açores considera, no entanto, que foram dados passos importantes na negociação com os EUA.

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Vasco Cordeiro José António Rodrigues

Vasco Cordeiro referia-se à aprovação pela Câmara dos Representantes, na terça-feira (madrugada em Portugal), que suspende a redução na base das Lajes até ficar provado que a base açoriana não tem condições para acolher um novo complexo planeado para o Reino Unido. Para ser tornado lei, o documento precisa ainda ser aprovado pelo Senado e ser ratificado pelo presidente dos EUA, Barack Obama.

"É preciso não esquecer que [estas iniciativas] ainda não foram votadas no Senado e que ainda precisam passar pelo presidente Obama. Desse ponto de vista, apesar de reconhecer a sua importância, acho que devemos aguardar", acrescentou.

Vasco Cordeiro mostrou-se, no entanto, satisfeito com a forma como o processo decorre nos órgãos legislativos norte-americanos. "São iniciativas que correspondem aquilo que sempre consideramos importante, que tem a ver com a valorização da importância estratégica da ilha Terceira em particular e dos Açores em geral", disse.

A linguagem relativa às Lajes deste orçamento foi ainda incluída na lei orçamental da Defesa, Militar e da Construção Militar.

Vasco Cordeiro esteve em Washington para participar numa reunião extraordinária da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e EUA sobre as Lajes, que considerou muito positiva. "Foi um dia inteiro. Foram dados passos importantes, quer em termos de forma quer em termos de substância", disse Vasco Cordeiro à agência Lusa, à saída do encontro que durou mais de oito horas.

Mudança de atitude norte-americana
Durante esta reunião extraordinária da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e Estados Unidos, o presidente do governo regional percebeu uma mudança na atitude norte-americana face ao tema.

"Foi o momento em que se percebeu, talvez de forma mais clara, uma atenção e um cuidado na forma como este assunto se pode repercutir na relação diplomática entre Portugal e os Estados Unidos, e isso obviamente que é positivo", explicou Vasco Cordeiro.

O encontro contou ainda com a participação do director-geral de Política Externa, Francisco Duarte Lopes, o embaixador de Portugal em Washington, Nuno Brito, o embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert A. Sherman, e vários representantes do Departamento de Estado, como a secretária executiva do departamento de Assuntos Europeus e Euro-Asiáticos, Julieta Noyes.

Vasco Cordeiro acredita que esta mudança na percepção norte-americana se deve a um esforço político e diplomático que foi desenvolvido desde que os Estados Unidos anunciaram a intenção de reduzir a presença militar nas Lajes.

"Foi um esforço muito intenso ao longo dos últimos dois anos, quase três anos; um esforço que mobilizou da parte dos Açores muita gente e que, sobretudos nos tempos mais recentes, teve uma outra atenção, um outro cuidado [da parte dos norte-americanos], o que consideramos importante e de que esta reunião de hoje foi, de certa forma, um bom exemplo", explicou.

Vasco Cordeiro não quis comentar pormenores da negociação, como as alternativas que estão a ser discutidas, mas sublinhou que ainda não existem resultados finais.

"Não foi um momento de desfecho, ainda há muito trabalho a fazer", disse, confirmando que o trabalho vai continuar no âmbito da comissão bilateral e no terreno.